Capítulo 15

259 22 10
                                    

Teresa.

Eu corri tanto que meus pulmões estavam ardendo. Bati na porta do loft, não tinha cabeça para procurar minha chave. Estefânia abriu a porta e eu entrei correndo. Cecília estava no sofá e me olhou assustada.

- Tranque a porta e não deixe ninguém entrar. Se for pra mim, não estou.

Fui para o meu quarto tirar as roupas molhadas. Eu estava exausta! Não queria me sentir assim. Nunca mais. Tirei o vestido que parecia estar colado em minha pele e demorei mais do que o esperado no banho. Tinha que lavar mais do que meu corpo. Minha dignidade. Saí do chuveiro e fui me trocar, coloquei um moletom confortável e que escondia a minha vergonha.

- Eu sei que ela está aqui, porra. Estefânia, me deixe entrar! - A voz de Gustavo chegou aos meus ouvidos.

Saí do quarto as pressas. Mas que droga! Ele tinha que vir pra cá? Cheguei na sala e Estefânia estava contra a porta e Cecília só assistia.

- Eu não vou sair daqui até vê-la! - Ele batia com força na porta.

- A única coisa que você vai conseguir se não sair daqui é a conta de uma porta. - Estefânia respondeu alto.

Ela me viu na sala e me olhou com uma cara de "o que eu faço?". As lágrimas, sem querer, começaram a cair. Merda. Por quê chorar, Teresa? Você merecia alguém que gostasse de você de verdade, não alguém como Gustavo. Fiz que não com a cabeça. Não queria vê-lo. O que ele pensou que eu era? Algum objeto disponível a qualquer hora?

- Estefânia, caralho, me deixe falar com ela ou irei te demitir! - Ela riu.

- Faça isso e então teremos uma briga dupla!

Ele bateu mais e mais na porta, mas parou em um momento.

- Será que ele já foi? - Cecília perguntou se levantando e indo a porta perto de Estefânia.

- Não sei. Acho melhor não abrir ainda. - Ela respondeu.

Sequei os olhos que antes estavam molhados com as lágrimas e respirei fundo um pouco mais aliviada. Cecília pôs a orelha contra a porta.

- Acho que ele não está mais aqui.

Relaxei os ombros. Agora teria de contar como foi minha noite horrível para elas. O telefone começou a tocar, fiz que não com as mãos para que ninguém atendesse. Caiu na secretária eletrônica.

- Teresa, eu sei que você está ouvindo. Eu não quis dizer aquilo. Saiu sem pensar. Por favor, abra a porra da porta ou iremos ter problemas. - Estava ardendo de raiva. Que ódio! - Eu não vou sair daqui enquanto você não falar comigo. - As duas olharam para mim para saber a resposta.

- Vamos dormir. Não vou falar com ele.

As meninas foram para os quartos e eu também. Me revirei na cama durante uma ou duas horas, quem sabe até mais. Algo estava me incomodando e eu sabia o que. Me levantei e fui beber um copo d'água. Estava tudo silencioso. As luzes estavam baixas e então vi Estefânia no sofá tomando algo.

- Eu sabia que você viria.

- Eu vim beber água.

- Ambas sabemos que não é verdade. Você gosta dele, só não quer admitir. - Ela deu um gole no que achava que era vinho. - Não estou julgando, mas porque vocês se torturam tanto?

Peguei uma taça de vinho e sentei ao seu lado.

- Porque nem todo mundo é como você e Victor.

Uma pausa.

- Victor e eu nem sempre somos mar de rosas, temos nossas tempestades também, mas você e Gustavo ganham nesse quesito.

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora