BAD GIRL - JOALEY

PROM

Para a minha total falta de sorte, meus irmãos e amigos estavam em volta da mesa dos populares. Eu até pensei em escapar para o outro lado e me fazer de mal educada, mas Shivani me olhou como um cachorrinho que caiu da mudança e, quando dei por mim, já caminhava em direção à eles. 

-Rainha do Baile, você está linda!- falei, quando ela levantou, para me abraçar. 

-Uhm, em que espelho você está se olhando? Você está nesse salão faz um minuto e todos os garotos já correram para a fila de votação para escolher seu nome- sussurrou em meu ouvido, enquanto me abraçava.

-Tenho grandes dúvidas com relação à isso. A concorrência está grande, fortes candidatas! 

-Deve ser porque quem você queria que votasse em ti ainda continua sentado- sussurrou no meu ouvido.

-Quem?- me fiz de desentendida. 

Ela riu e deu dois passinhos para trás, se afastando de mim. Porém o espaço logo foi preenchido por Krystian, que também veio me abraçar. 

-Como está se sentindo? 

-Humm, não sei dizer exatamente- confessei. 

-Me desculpe, eu acho que passei dos limites hoje a tarde. Tentei ajudar e acabei atrapalhando tudo.

-Não foi culpa sua, tem coisas que já começam com prazo de validade curto- falei, dessa vez um pouco mais alto. 

Krystian voltou a se sentar em sua cadeira e naquele momento eu tive tempo de passar os olhos por todos na mesa, com um falso sorriso amigável no rosto. Sorriso esse que morreu assim que o encarei. 

Não consegui sustentar o olhar por muito tempo, pelo menos não sem que meu queixo tremesse e eu precisasse segurar as lágrimas e prender o choro com os lábios comprimidos. Encarei meus próprios pés e, de repente, senti olhares demais em cima de mim. 

-Vermelho, hum?- ouvi Lamar falando, mas apenas fiz que sim com a cabeça, ainda encarando meus sapatos. 

-Você está bem?- ouvi a voz do meu irmão, assim como sua mão envolvendo minha cintura. 

E então eu sabia que a atmosfera ruim não rondava apenas minha própria cabeça, o desconforto não batia unicamente em meu peito. Todos ali, em volta daquela mesa, pareciam ter ciencia de que algo não estava certo. 

Nunca me imaginei dizendo isso, mas tudo parecia em preto e branco, sem cor e sem graça demais. Por ironia do destino, a garota que sempre usa preto sentia falta do colorido enquanto usava um vestido vermelho vibrante. 

A vida provavelmente estava dando altas gargalhadas da minha cara. 

-Estou- a voz praticamente não saiu. Forcei uma tosse e o encarei- Mas vou ficar melhor se você me der a garrafa. 

Tudo bem, tudo bem. Naquele ponto, eu já tinha mostrado minhas habilidades de atuação, de forma de que quando encarei o meu gêmeo, parecia completamente revigorada. Mas aqui está o meu segredo: De volta ao México, durante minha infância, frequentei MUITAS aulas de teatro.

E relembrando uma peça que fiz, onde algumas cenas envolviam abandono paterno e me deixavam verdadeiramente muito mal, mas eu não podia chorar por ser a vilã da história, me lembrei de todas as técnicas ensinadas pelos meus professores, para engolir o choro e parecer superior ao sentimentalismo. 

Era o que estava fazendo agora. A garotinha encontrando a jovem adulta, que no final de tudo nem vinha sendo tão madura assim.

Afinal, olhe o que fiz com Bailey, ele parecia ter sido atropelado por um ônibus.