BAD GIRL - JOALEY

BROTHER

Merda, como eu tinha me metido naquela situação? 

Quer dizer, eu sabia muito bem a resposta: impulso. 

Mas tudo deveria estar parecendo muito confuso, certo? Any me chamou para conversar e eu a trouxe até o armário do zelador. 

E então ela começou a me agradecer por estar "cuidando" de Bailey e Shivani, o que eu achei muito estranho. 

Então perguntei se ela queria me dizer alguma coisa antes, e ela quase disse. 

Só que aí ela tropeçou e segurou em mim para não cair.

E eu fui muito lerda, achando que ela queria me beijar. 

E então, naquele momento, eu pensei que beijar Any não parecia nada ruim. Além de fazer o que eu achei que ela queria que eu fizesse, ela provavelmente contaria para Bailey e isso ainda me traria um bônus no projeto de não iludir ele.

Só que eu esqueci de me fazer uma pergunta bem importante: Any Gabrielly era bissexual?

Eu não sabia, mas eu a beijei e ela correspondeu, para minha surpresa.

Quer dizer, não fiquei surpresa no momento, porque achei que era o que ela queria e que eu estava sendo legal. Mas na hora que a porta foi aberta, revelando um Bailey muito confuso, a minha ficha caiu: ela tinha realmente tropeçado e o que eu tinha feito não tinha sido nada legal. 

-Não é nada disso que você está pensando- eu e ela falamos juntas, nos afastando uma da outra, assim que notamos a presença do May.

Eu só fazia merda? A resposta era sim, não era possível! 

-Típico- a afirmação saiu seca da boca do filipino, o que tirou de mim qualquer palavra que eu poderia usar para me defender. Mas defender de que, se nós não tínhamos nada?

E mais uma vez eu estava com medo de magoá-lo. 

-Bailey- sua melhor amiga chamou.

-A chave do carro, Any- ele estendeu a mão na direção dela, que abriu a bolsa rapidamente.

-Posso falar com você?- ela perguntou. 

-Eu preciso ir para casa, cuidar da minha irmã- ele continuou mantendo o tom de voz seco, sem emoções. 

Assim que Any colocou a chave na sua mão, ele virou as costas para nós, mas eu segurei em seu braço.

-Bailey- tentei.

-Eu só... Vejo vocês amanhã- ele não nos deu tempo de falar mais nada.

O que mais iria acontecer naquele dia? Um raio cair na minha cabeça? 

-Any, desculpe- me virei para ela- Eu não sei o que aconteceu, eu realmente pensei que você ia me beijar e... Oh, Deus. Eu me sinto péssima, desculpe, de verdade! 

-A culpa não foi sua, eu tropecei de verdade e- ela respirou fundo, se embolando nas palavras- Eu que não deveria ter correspondido- coçou a testa, ela estava nitidamente nervosa, muito- Não precisa se sentir mal com isso, só vamos... Deixar para lá- deu dois passos para trás, colocando a alça da bolsa no ombro- Eu vou para aula.

-Ok! 

-E, Joalin? Conversa com seu irmão- foi a última coisa que ela me falou, antes de seguir seu caminho. 

O que Any quis dizer com aquilo? 

Bom, o melhor que eu poderia fazer no momento era ir para a aula e tentar focar nos estudos, mesmo com tantos acontecimentos estressantes durante o horário do almoço. 

Que a calmaria durasse até o fim do dia, porque essa segunda parecia uma daquelas que eram mais cansativas e que te deixavam com mais dor de cabeça que o normal. Minha vontade era de pular direto para a terça. 

E digamos que essa vontade se tornou um pouco maior quando Josh invadiu meu quarto no meio da tarde:

-O que foi? 

-O que foi? O que foi, Joalin? Você beijou a Any.

-Sim, foi sem querer e nós já resolvemos isso- dei de ombros.

-Como alguém beija alguém "sem querer"?- perguntou estressado. 

-Por que se importa?- rebati.

-Merda, Joalin! Você sabia, está na cara! 

-Eu sabia do que? Eu realmente não estou entendendo nada. 

-Não finja que não sabia, você sempre descobre, sempre sabe. Vai me dizer que dessa vez foi diferente?

-Joshua, eu realmente não estou entendendo onde você quer chegar ou porque está me atacando. 

-Deus, Joalin! Agora vai dar uma de desatenta? 

-Entenda uma coisa: eu só sei de algo quando alguém me conta, se não é especulação da minha mente. Desde que você não me contou nada, não tinha como eu saber. Inclusive eu continuo sem saber e completamente perdida nessa discussão. 

Me levantei da cama, parando na sua frente e aumentando um pouco o meu tom de voz. Não estava gritando, mas era o suficiente para a minha garganta reclamar, seja pela alteração na voz ou pelo choro preso na garganta. Eu absolutamente odiava brigar com Josh, principalmente quando eu mal conseguia entender porque estávamos brigando, aquilo me deixava extremamente angustiada. Ainda mais depois de um dia tão pesado. 

-Joalin- ele passou a mão pelos cabelos. 

-O meu dia foi um lixo, ok? Então se você puder me explicar o motivo de toda a sua indignação e me poupar de um estresse desnecessário e uma briga que eu não consigo nem me defender porque não sei o que você está sentindo ou o que eu fiz de errado, eu ficaria muito grata. 

Enxuguei as poucas lágrimas que escorreram pelo meu rosto. Eu estava desgastada, essa era a palavra. 

-Any me contou do beijo. 

-Ok- dei de ombros e revirei os olhos. 

-Ela me contou porque nós tínhamos um encontro amanhã e ela queria desmarcar porque beijou minha irmã e achou que isso não seria legal comigo, ou não causaria uma situação saudável- disparou a falar.

-O que?- o encarei confusa.

-É, eu tive que convencer ela de que não tem nada a ver e que ela não precisava desmarcar nada, já que aparentemente você a beijou "sem querer" e ela correspondeu por impulso. 

-Por que você tinha, ou tem, um encontro marcado com Any? 

-Por que eu estou fodidamente apaixonado por ela, Joalin. É isso que você não enxergou. Aí eu ainda nem tive oportunidade de me aproximar da garota direito e você já beijou ela, antes de mim! 

-O que? Mas...

-Eu estava estressado quando fazia trabalho com ela, estressado porque ela é inteligente demais, porque ela tem confiança demais e porque ela não aceitou minha opinião e no fim estava certa. Aí acabamos o trabalho, depois de dias, e eu sentia falta dela, sentia falta de nossas briguinhas bobas e da companhia dela, mesmo que em pé de guerra. Depois eu comecei a mandar mensagens aleatórias para ela, que ela sempre respondia. Então nós começamos a conversar de verdade, eu chamei ela para um encontro ontem a noite e ela aceitou. 

-E o que eu estava fazendo, que não percebi tudo isso acontecendo?

-Ocupada com os dramas da família May- ele deu de ombros e virou as costas, saindo do meu quarto e batendo a porta na minha cara. 

Tentei processar as informações e merda, mais um!