CHEMISTRY

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Meus olhos ainda estavam pesados. 

Na última noite, depois de nossa apresentação, eu desabei a chorar e não consegui parar mais. É óbvio que minha família e amigos perceberam que algo estava errado, mas era o tipo de coisa que eu não conseguia explicar nem para mim, quanto mais para os outros. 

Já era sábado, noite de baile. Na verdade, ainda era inicio da tarde e, apesar das meninas me convencerem de me arrumar junto com elas em todo aquele ritual demorado, para estar pronta até sete e meia. 

Elas queriam me arrastar para um SPA, no período da tarde, mas a desculpa perfeita me apareceu quando Krystian me chamou para almoçar com ele. Comemos conversando sobre nossa apresentação no dia anterior, como aquele momento foi especial, marcante e emocionante, e como, graças a deus, seus amigos lhe apoiaram e tudo saiu como o planejado. 

Estávamos em uma lanchonete vazia, tínhamos comido hambúrguer e batata frita, que apesar de não ser o símbolo de refeição saudável para um almoço, era o que meu corpo estava implorando. 

Krystian me questionou de Bailey algumas vezes, sobre como era nossa relação, se não tínhamos mesmo nada e se estávamos brigados. Eu fugi do assunto e apenas respondi que não estávamos vivendo nosso melhor momento, que estávamos batendo de frente por qualquer coisinha e talvez precisássemos mesmo de um tempo afastados. 

Ele não pareceu muito convencido das minhas respostas e, quando eu achei que aquele assunto tinha morrido, seus olhos focaram em algo atrás de mim. Ele travou por um momento, mas logo sorriu e acenou, chamando alguém para vir até nós. 

Olhei para trás.

Não tinha como alguém ser tão azarado como eu, não era possível, só podia ser muita falta de sorte.

A porra de uma cidade com quase 4 milhões de habitantes, mas quem estava ali?

Bailey May! 

-Krystian, o que você está fazendo?- questionei, entre dentes. 

-Eu preciso falar uma coisa com vocês dois. 

-Você chamou ele aqui?

-Me desculpa, me desculpa mesmo. Eu só não ia conseguir dormir tranquilo se não o fizesse.

-Mas são duas da tarde, você não vai dormir agora. 

-Você não ia querer que eu falasse isso no meio do baile. Me perdoe mesmo, mas eu precisava. 

-Krystian- praguejei, arrependida de ter saído de casa. 

-Bailey, que bom que veio- ele abriu um sorriso amarelo. Revirei os olhos e arrastei minha cadeira, o filipino não se sentou, apenas nos encarou de cenho franzido. 

-O que vocês queria falar comigo? Além de, é claro, jogar algumas coisas na minha cara- ele disse, com um pouco de raiva. 

Percebi que, assim como eu não achei que encontraria Bailey, ele também não imaginava que ao receber o chamado de Krystian, daria de cara comigo também. 

-Eu quero dizer uma coisa, especialmente para você- o chinês falou para ele. Senti um arrepio nas minhas costas, eu não fazia ideia do que estava por vir.

-O que? 

-Eu e Joalin não temos nada, nunca tivemos. Eu saí sim com ela, mas nós dois sabemos que saímos juntos por interesses externos, não porque estávamos atraídos um pelo outro.

-Não tire palavras da minha boca sem saber- tentei me defender.

-Eu só saí com ela porque tinha medo que alguém desconfiasse que sou bi e tinha mais medo ainda de sair do armário. E ela, bom, ela pode ser orgulhosa demais para admitir, mas sei que só saiu comigo para te fazer ciúmes.

BAD GIRL - JOALEYOnde histórias criam vida. Descubra agora