DRESS

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Sabem quando depois de uma situação desesperadora, quando o surto acaba, a bola abaixa e você entende como aquilo foi estridentemente desnecessário? Ou como você se colocou em uma situação ridiculamente vergonhosa na frente de um bando de gente? 

Então, isso foi o que eu pensei que aconteceria comigo, depois de Bailey me largar plantada e derramando o Rio Amazonas de lágrimas. 

Mas eu considero que a minha vergonha e autodepreciação foi bem pior. A começar que eu precisei passar cinco minutos abraçada a Krystian, até ter coragem de levantar a cabeça. Quando o fiz, o povo todo daquele restaurante me encarava e por mais que os garçons tenham sido bondosos ao me trazerem água com açúcar e perguntarem se eu precisava de algo, todos me olhavam com aquela mesma expressão de "Garota, você fez merda". 

É, eu tinha feito. Tinha mesmo feito. 

O grande problema é que eu não sabia que estava fazendo. Eu juro, pela minha família, por tudo que é mais sagrado, que eu não sabia que estava apaixonada por Bailey. Eu só percebi isso quando as palavras pularam para fora da minha boca e, quando me dei por mim, tudo fez sentido. 

Mas por mais lerda que eu pareça ser, eu achava que tinha desenvolvido apenas um carinho e amizade por ele, justamente por isso queria protegê-lo. 

Mas sabem aquelas cenas cinematográficas onde dizem que quando o amor é verdadeiro, você abre mão do que você quer, só para fazer o que é melhor para a pessoa?

Foi um pouco disso. Meu subconsciente achou que seria melhor para Bailey, estar longe de mim. 

E acho que no final, não foi o melhor. Era nítido que preferíamos estar juntos, mas a bagunça ficou tão grande, que para conseguirmos arrumar tudo, havia muito nó para desatar. E bom, eu estava disposta à isso, mas não sabia se podia esperar o mesmo dele.

Não, não é querendo o culpar. Mas por tudo que ele falou, por todas as merdas que jogou no ventilador, eu olhei para o meu próprio umbigo, eu encarei o meu reflexo e, sem exageros ou eufemismos, eu provavelmente fui extremamente tóxica com ele. 

E Deus, se eu soubesse. Como eu queria saber o que fazer, porque eu pensei que agindo daquela forma eu criava uma capa: não dava espaço para ele se apaixonar e me bloqueava de qualquer sentimento que eu poderia vir a sentir. 

Deu tudo errado e no final, eu esperava que ele não achasse que eu tinha sido uma escrota. 

Mas eu acho que eu tinha. 

Talvez eu não tenha mesmo nascido para relacionamentos. 

Na volta para casa, eu me sentia humilhada pelas minhas próprias atitudes, mas ao mesmo tempo pronta para comprar briga com qualquer ser que ousasse aparecer na minha frente. O meu rímel escorria pelo meu rosto de forma dramática e bem mais horrenda que um panda fofinho. 

A parte de comprar briga? Bom, meio que aconteceu. 

Isso é, eu havia comprado o vestido que usaria no baile no mesmo dia em que eu e as 4 S's fomos ao shopping, montar possíveis combinações e escolher o que usaríamos no show de talentos. Todas elas também aproveitaram aquele dia para decidirem a roupa de hoje.

Enquanto Sina e Sofya tinham escolhido vestidos super parecidos para elas, a princípio, eu usaria um vestido preto e longo, com alcinhas finas e decote coração. O tecido era até meio brilhoso, mas não tinha nenhuma fenda e apesar de ser justo ao ponto de deixar meus seios mais volumosos e marcar a silhueta de forma sexy, não era nada que super impressionava. 

Mas, naquela noite eu sentia que teria que impressionar, chamar tanta atenção para o vestido que conseguiria voltar a me sentir a rainha do mundo e conseguir fazer com que não reparassem em minha cara de enterro. 

BAD GIRL - JOALEYOnde histórias criam vida. Descubra agora