BAD GIRL - JOALEY

MINT

Depois de mais ou menos dois minutos de choradeira, percebi que o refeitório estava silencioso demais. Até pensei que o sinal havia tocado e estávamos atrasados, mas a realidade é que todo mundo tinha parado para nos assistir. 

A verdade é que popularidade cansava. Perseguição, exposição e endeusamento vinham no pacote, em nossa escola. E não importava o grupo que você pertencia, porque os populares iam muito além do grupo de Bailey. Valentões eram considerados, atletas, patricinhas, líderes de torcida... 

Mas quando dois grupos improváveis começaram a se misturar, o peso dos olhares caiu em cima dos líderes (eu e Bailey) que querendo ou não tinham grande parte da responsabilidade quanto a fusão do que antes eram considerados como panelinhas rivais. 

Eu sempre senti que estava sendo constantemente observada, aqui dentro, mas meu nome nunca esteve tão na boca do povo, minhas fotos nunca frequentaram tanto o Instagram de fofocas da equipe do jornal, como vinha acontecendo desde que eu e Bailey, bom, nos aproximamos. 

E as vezes incomodava. Por isso, me desfiz do abraço e imediatamente enfiei uma colher de sorvete em minha boca. Menta e chocolate, perfeito! 

-Como sabia que era o meu preferido?- o questionei. 

-Chutei, achei que combinava com sua personalidade... 

-Vou levar isso como um elogio- falei, enchendo a colher e levando até sua boca. Bailey lambeu os lábios logo em seguida- Não está bom? Nem parece comida de refeitório!

-Comprei para você, não para mim- Ele falou, quando eu tentei lhe dar outra colherada, que dessa vez ele tentou recusar. 

-Mas eu não vou conseguir comer tudo, não estou com fome- falei um pouquinho mais baixo, tentando convencê-lo. Bailey revirou os olhos e abriu a boca, sorri sozinha, pelo menos ainda havia um pouco de poder de persuasão dentro de mim. 

-Você está com seu carro?- Ele me questionou, provavelmente tentando conduzir minha mente para outro assunto- Any e Josh foram me devolver o meu ontem a noite. 

-Estou com meu carro, por quê?- Não entendi se era uma pergunta besta ou se havia algum fundamento. 

-Eu quero passar no mercado quando sair daqui, mas a aula de Shivani vai acabar mais tarde e eu não quero te deixar sozinha, então você não tem muita opção além de ir comigo. Se importa se eu deixar meu carro com ela e formos com o seu? 

-Não, não tem problema. Mas as minhas malas estão lá, então não tem muito espaço... 

-Você pode colocar cinco malas no porta-malas do seu carro e ainda vai ter mais espaço que o meu- ele respondeu. Dei de ombros, não era uma total mentira, se é que o bagageiro do camaro poderia ser considerado um porta-malas, porque convenhamos que mal caberia uma única bolsa.

-Mas saiba que só vou com você porque realmente não quero ficar sozinha e tenho algumas coisas para comprar, não porque você exigiu. 

-Não esperava o contrário- ele passou o polegar no canto da minha boca, limpando um respingo de sorvete, antes de levá-lo até sua própria boca. 

-Onde está Krystian?- perguntei, olhando em volta da mesa, para me certificar que ele não estava por ali. 

-Foi almoçar em casa e buscar algum caderno que esqueceu- Bailey me respondeu, dando de ombros- Você tem certeza que quer mesmo ficar na escola? 

-Se você estiver afim de matar aula, é só falar, Bay. Não precisa arrumar um motivo para isso- dei de ombros, com um sorrisinho sarcástico. 

Coloquei a alça da bolsa no ombro, tomando a última colherada do sorvete e pronta para me levantar, mas ele segurou em meu pulso.