BAD GIRL - JOALEY

FATHER

Desde que Bailey foi embora, no sábado a noite, tudo está em um misto entre o tempo passando muito rápido ou extremamente devagar. Ele foi chorando e abraçado com Shivani, enquanto Lamar e Heyoon queriam explicações e os seguiam. 

Sobre o britânico, posso dizer que minha concepção (que andava falhando bastante ultimamente) não estava errada sobre ele. Lamar parecia mais preocupado em quitar sua cota de desconhecimento pela vida privada de seu melhor amigo, para saber, fofocar, julgar e apontar dedos do que verdadeiramente se importar com os sentimentos dele. Mas sei lá, não duvidava estar errada mais uma vez. 

Eu? Eu sentei no chão, enchi o vestido de terra e chorei por cerca de uma hora, abraçada com Sofya e Sabina. Ficamos ali até meu irmão aparecer e me flagrar naquele estado, mas eu não contei nada que aconteceu, mesmo odiando esconder as coisas dele.

Na verdade, eu já estava fazendo isso por tanto tempo e, falar algo nesse momento, só atrapalharia ainda mais o que já estava completamente desestruturado.  

Quer dizer, quando estávamos no carro, com Sina e Noah também, até comentei que tinha tido uma discussão com Bailey. Mas aí meu gêmeo e o Urrea cogitaram, até mesmo, a possibilidade de dar uma surra no filipino. 

No fim, eu apenas disse que não estava assim por aquele motivo, mas sim por uma junção de situações das quais eu não estava confortável para falar, então que eu precisava de espaço e que eles dois não fossem presos por agressão, até porque eu carregava boa parte da culpa de todos os problemas que vinham caindo em minhas costas. 

No domingo, eu não sai do quarto, não falei e não expliquei nada para ninguém. Josh veio me perguntar o que havia acontecido, Noah e Sina também apareceram, mas eu apenas disse que não estava afim de conversar com ninguém. 

O furacão Sabina havia passado a noite comigo e, sendo a única de todos eles que verdadeiramente entendia todos os sentimentos por trás da briga da noite anterior, não desgrudou de mim nem por um segundo. 

A mexicana teve que ir embora no meio da tarde, já que não muito tempo depois embarcaria para Barcelona com seus pais. A viagem seria para, além de projetos de futuros negócios na Catalunha, visitar alguns parentes que tinham se mudado para a Europa. 

Já no domingo a noite, meus pais decidiram conversar comigo e Sofya conseguiu dar um jeito de vir junto com eles. Acho que depois que os confessei que estava mal pela briga, pelo afastamento e como tudo tem sido difícil com Bailey, assim como quando minha irmã percebeu que meus pais sabiam sobre nós, ela entendeu que não era uma coisa tão recente e relâmpago. Deitou ao meu lado e não fez mais que duas perguntas: Como tudo começou e porque eu decidi não contar para ninguém.  

Enquanto minha melhor amiga me enviava pelo menos 20 fotos do velho continente por dia, como se eu não tivesse vivido na Espanha e conhecesse muito bem aquele lugar, eu tinha que encarar a realidade no novo mundo. E bom, a realidade não era das mais agradáveis. 

Na segunda, Bailey não colocou os pés na escola, o que era super estranho. Como os filhos de empresários que já trabalhavam nas empresas dos pais tinham um índice de falta ligeiramente alto por conta de compromissos e viagens, evitávamos ao máximo faltar em qualquer outra ocasião. 

Conversei com Shivani no intervalo e ela disse que, assim como eu, seu irmão passou o domingo trancado no quarto chorando em seu ombro. Lamar e Heyoon tinham passado a madrugada em sua casa e o enchido de questionamentos. Ele pacientemente sanou todas as dúvidas, mas na manhã seguinte percebeu que novos questionamentos continuariam surgindo de cinco em cinco minutos na boca do Morris, então pediu que eles fossem para suas casas.

Na terça, nosso contato não passou de alguns olhares trocados quando frequentávamos uma mesma sala de aula, ou passávamos pelos corredores ao mesmo tempo. Às vezes parecia que, se eu estivesse a menos de cinco passos de distancia do filipino, Heyoon e Lamar entrariam em ação, tirando o foco dele de mim e me mantendo longe. Aquilo era ridículo.