LEAVE

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Acordei em um susto, como em um grito de desespero que atingiu o silêncio que me cercava. Abri os olhos, encarando todas aquelas pessoas em volta de mim, uns com pena, outros com medo e aflitos, alguns sem entender. 

-Você está bem?- Bailey me perguntou. Tentei me localizar, mas as memórias pareciam me atingir aos poucos. Ele estava sentado no chão, com as costas encostada em um carro e com a minha cabeça deitada em seu colo. 

-Por que você ainda está aqui?- foi a primeira coisa que saiu da minha boca, quando encarei o homem que deveria ser meu pai. 

-Hunter, vá embora. Deixe meus filhos em paz- Minha mãe o enfrentou, assim que tirou os olhos de cima de mim. 

Hunter, então esse era o nome do filho da puta. 

-Eu não vim aqui atrás de você, vim falar com eles. Então não se meta, Johanna. 

Tentei me levantar, mas Bailey não deixou. Eu não estava mais aguentando, eu não conseguia lidar com aquilo, ele tinha que ir embora. 

-Nós não temos mais nada para falar com você!  

-Mas eu tenho muito a dizer: em primeiro lugar que de longe eu já posso ver o que a influência negativa fez com vocês. Tenho observado o que postam no Instagram nos últimos meses, relacionamentos vulgares, drogas, bebidas, tatuagens. Eu sabia que Johanna não teria muito a oferecer, de qualquer forma. 

-Quem você pensa que é para falar da minha mãe desse jeito? Você tinha tão pouco para oferecer, que recolheu a sua insignificancia para longe- Josh disse. 

-Como você consegue nos odiar tanto?- eu falei, um pouco mais baixo. 

-E, de novo, vocês só estão vendo as coisas pelo lado dela. 

-Até porque você estava aqui, sempre esteve, para nos mostrar o seu lado, não é?- rebati, irônica. 

-Eu achei que sair da vida de vocês fosse a melhor coisa para vocês. Eu estava protegendo vocês dois e a mãe de vocês.

-Você estava se protegendo- Minha mãe quem respondeu, dessa vez.  

-Quando você e a mamãe terminaram, você esqueceu de se lembrar que mesmo que não fossem mais um casal, nós não deixávamos de ser seus filhos- Josh disse, enxugando os olhos--Eu fui uma criança que me odiava, eu achei que tinha vindo com defeito. Achei que ninguém poderia ou iria me amar. Porque é isso que uma criança pensa quando seu pai a abandona.

-Eu estou aqui agora!- Ele disse, tentando se aproximar dele. 

Me levantei em um impulso, e mesmo com tudo girando em minha volta, me segurei em meu irmão e disse, ou melhor, praticamente gritei:   

-Você acha que pode entrar e sair da nossa vida como se nós fossemos a porra de uma estação de trem? O seu trabalho era ficar! 

-Eu não estava pronto para ser pai. 

-Mas a mamãe teve que estar pronta para ser mãe? Sozinha, desamparada, sendo maltratada. Você entrou na porra de um avião, olhou para nossa cara pela primeira e única vez e foi embora sem se despedir, porque "você não estava pronto". 

-Eu era imaturo, eu mudei, eu construí minha família e minha carreira agora. Coisa que não teria conseguido, se tivesse escolhas diferentes antes.  

-Você acha que nós não te daríamos espaço para crescer, é isso?- Minha mãe questionou. 

-Se você tem a sua família agora, família ao qual você decidiu que nós não fazemos parte, se você tem sua carreira, então que porra você está fazendo aqui? Você não tem direito a nada do que é nosso, sabe porque? Você nunca nos deu direito a nada que é seu, nós não herdamos carinho, nós não herdamos amor, cumplicidade e nem ao menos preocupação em saber se nós tínhamos condições de sobreviver, de se alimentar, você se importou em ter- Josh cuspiu as palavras. 

BAD GIRL - JOALEYOnde histórias criam vida. Descubra agora