C.15 - Engano

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ÍSIS

Fecho a porta e fico parada olhando para ele com aquele visual um pouco mais largado e expressão um tanto aborrecida e preocupada, mesmo que tentando disfarçar isso, está realmente lindo! Mas agora não é hora de focar na sua beleza incomum, mesmo que isso seja quase impossível, pois realmente estou curiosa e também preocupada com o que ocorreu aqui, de alguma forma abalou ele.

-Venha aqui. - pede com uma mão estendida para mim e então começo a caminhar com cuidado entre os cacos no chão, até chegar onde ele está e ser puxada para ficar no meio de suas pernas que estão bem abertas, enquanto ele repentinamente me envolve em um abraço demorado. Retribuo o gesto e respeito o silêncio que ele impôs naquele momento, enquanto sentia sua respiração na minha cabeça. Depois de algum tempo ele finalmente me libera do abraço e me encara com o meio sorriso habitual e se eu não tivesse visto a sua expressão alguns minutos atrás, pensaria que está exatamente tudo bem, pois a maneira como me olha agora, disfarça qualquer coisa que ele esteja sentindo, é como uma máscara que ele sabe usar...

-Parece que passou um furacão por aqui. - digo depois de um tempo e ele olha para o espaço da sala que notei ser o seu escritório e apesar do reboliço, também é muito bonito.

-E passou! - diz balançando a cabeça negativamente.

-Está tudo bem? - pergunto e ele me encara por alguns segundos em silêncio.

-Sim, não se preocupe.

-Mas tudo isso é meio… preocupante. - digo para ele.

-Vou resolver tudo, já comecei na verdade. - diz colocando uma mecha dos meu cabelo atrás da orelha. - Por isso que a chamei aqui. É sobre nosso jantar…

-Tudo bem se precisar adiar. - me adiantei 

-De jeito nenhum! 

-Não vai adiar?

-Não. Só não vou poder fazer tudo como eu esperava. Terei que sair agora para terminar de resolver o que preciso, então Décio a levará para sua casa. Depois, ele a pegará lá de volta e a trará para a Sede novamente. Estarei aqui, a esperando para irmos para o nosso jantar. Tudo bem por você?

-Sim, é claro. 

-Ótimo. 

-Está tudo bem mesmo, Alexandre? - pergunto mais uma vez

-Está, loira. - responde de um modo que já sei que não vai me falar nada. Se ele optou por isso, não me resta fazer nada a não ser respeitar. - Agora, quero o beijo que me deve. - falou e já senti sua mão subindo nas minhas costas para minha nuca, enquanto a outra pressionava a base da minha coluna para que meu corpo fosse de encontro com o dele e no segundo seguinte sua boca já estava na minha, faminto! E ele não parava, nossas bocas não se largavam e aquela sensação febril já invadia nossos corpos, até que ele foi desacelerando e tirando a intensidade aos poucos, até ficar apenas acariciando minha boca com a sua. - Melhor parar enquanto ainda posso. - falou com sua boca ainda colada na minha e comecei a sorrir.

-É melhor. - concordei e então ele se ergueu totalmente e acariciou meu rosto com seu polegar.

-Vamos, vou levá-la até o carro. - falou e então assenti.

Então saímos da sala, com ele me ajudando a andar entre os pedaços de objetos espalhados no chão e do mesmo modo quando chegamos na recepção.

-Tchau, Laura. - falei para ela que tirou sua atenção do computador e me encarou com um sorriso.

-Até mais, Ísis! - respondeu de modo simpático e então caminhamos até o elevador. As portas se abriram, adentramos e fomos em silêncio até chegar no térreo, onde ele liberou a nossa saída nos pontos digitais e caminhou ao meu lado até a saída e já na porta estavam três carros pretos imensos e idênticos da segurança, onde Décio já estava posicionado em um deles e assim que nos viu, abriu a porta do banco de trás.

ALEXANDRE FERRARI IIOnde histórias criam vida. Descubra agora