C.50 - Sem trégua II

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ALEXANDRE

Permaneço encarando a mulher e só saio do meu estado pensativo quando Mel se manifesta.

-Bom, vou dar privacidade para vocês. – ela diz levantando.

-Mel, entrega isso para o Saulo para mim, por favor. – peço enquanto pego uma folha, uma caneta e anoto rapidamente o que preciso, já dobrando o papel e entregando para ela.

-Claro. – ela diz para mim

-Obrigado. – respondo com ela já saindo da sala e então retorno a encarar a mulher que parece avaliar cada gesto meu – Por favor, sente-se. – peço apontando para a cadeira.

-Obrigada. – ela diz se acomodando em uma cadeira e colocando a bolsa cara sob a outra.

-Bom Marta, estou com pouco tempo, então preciso ser direto. O que a traz aqui exatamente? – pergunto também me sentando.

-Bom, claro que eu gostaria de conhecê-lo, mas vim para ver minha filha. – ela diz

-E por quê não foi até ela diretamente?

-Porque não temos contato há um tempo e pensei que você fosse o melhor meio para chegar até ela. – diz e então chega a minha vez de a avaliar e suas palavras parecem ensaiadas em cada vírgula.

-Bom, a questão é que eu não sou um bom meio.

-Como não? Eu vi as notícias. – ela diz sorrindo

-Que são apenas isso, notícias. Não tenho nada com sua filha. – digo e ela sorri – Acha isso engraçado? - pergunto

-Garoto, ando bem longe de ter nascido ontem, então poupe sua energia tentando me enganar.

-E por quê acha isso?

-Bom, talvez porque eu tenha ido até o buraco onde ela deveria estar morando, mas o que encontrei foi um lugar interditado sob investigação policial. – ela diz se acomodando mais na cadeira – E eu tenho certeza que nada do que deva ter acontecido alí envolve a minha menina, nunca houveram motivos para isso na nossa família, mas na sua...

-O que quer exatamente, Marta? – pergunto

-Quero que me diga onde a colocou para morar, para que eu vá até ela, simples assim. – responde e permaneço a encarando.

-Me permite fazer uma pergunta mais invasiva? – pergunto

-Faça.

-Por que veio atrás dela agora?  - indago e ela parece ficar mais desconfortável.

-Porque eu não tinha notícias dela, não sabia onde estava exatamente, mas vi as matérias e então soube onde procurar.

-Mas acabou de falar que sabia o endereço dela...

-Eu consegui depois, tenho meios e sou mãe dela, o que está querendo insinuar? – pergunta levemente irritada

-Não estou insinuando nada e nem foi essa a intenção, me desculpe. – digo e ela assente respirando fundo – Você é nossa cliente? – pergunto em seguida

-Não, quer dizer, meu marido é, mas não daqui, do escritório de vocês de outra cidade. – ela explica e então assinto. – E então, vai me passar o endereço dela ou não? – pergunta em seguida

-Bom, não é assim que funciona por aqui. Eu procurarei e requisitarei uma equipe da minha segurança para leva-la até lá e isso demandará alguns poucos minutos. – digo já interfonando para Laura vir até a sala. – Por isso, pedirei para minha secretária acompanhá-la, enquanto resolvo.

ALEXANDRE FERRARI IIOnde histórias criam vida. Descubra agora