C.26 - Aflição III

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ALEXANDRE 

Depois de ser comunicado de que Ísis havia chegado em casa e estava bem, porque claro que mandei averiguar, não confio nem um pouco no maldito do fotógrafo camisa polo, eu estava, agora, dentro do meu carro ainda estacionado próximo ao evento, pensando no que eu iria fazer com toda essa raiva que estou sentindo, já que, pelo menos por hoje, não posso ir mais atrás dela, mas vontade não falta!

Para o meu estado, só há duas opções a seguir e eu já escolhi qual vou querer por hoje. Dou a partida e dirijo até a mansão com sangue na cabeça. Assim que atravesso os portões, estaciono o carro na garagem ao lado do jardim e olho para a entrada da casa, mas opto por não ir por lá, já devem estar todos dormindo e também não quero chamar atenção de ninguém. Faço meu caminho pela área externa até a academia e quando chego, vou diretamente em direção ao saco de boxe, que será meu "ombro amigo" nessa noite.

Imediatamente tiro o terno, a gravata, a camisa social e por fim os sapatos, que arranco junto com as meias, ficando apenas com a calça social, que não é a ideal e muito menos a mais confortável para treinar, mas é o que temos por agora. Não me dou ao trabalho de ir atrás das luvas e nem das faixas protetivas, eu quero sentir essa porra!

E assim faço, começo a socar o saco de pancadas aos poucos e vou intensificando a cada golpe, colocando a minha raiva, culpa, a minha dor e chateação inteiras para fora, extravasando tudo o que posso e rememorando as frases de Ísis na cabeça.

"Deveria querer a sua noiva!"

"Pare com o seu teatro!"

"É difícil acreditar em você!"

"Você não tem compromisso algum comigo!"

"Não vou mais bancar a droga da sua amante, Alexandre!"

"Não quero nada que venha de você!"

"Eu não serei mais nada sua!"

Consigo ouvir perfeitamente a sua voz falando cada maldita frase dessa, sem hesitar, sem gaguejar e sem duvidar nenhuma vez do que estava decidida: se afastar de mim. 

Começo a estabelecer uma sequência de dois socos e um chute no saco de pancadas, de modo rápido e forte, sem parar e já sinto o material da calça grudando na minha pele, com o suor que escorre no meu corpo, mas pouco ligo para isso. Na verdade, não estou ligando para nada nesse momento que não seja minha raiva de mim, da porra da Renata e do caralho filho da puta daquele fotógrafo! Só de lembrar dele saindo com Ísis e aquele maldito sorrisinho no rosto, já começou a golpear mais forte, ficando mais puto a cada segundo.

-Posso saber o que está fazendo? - pergunta a voz atrás de mim, mas não paro com os golpes, não consigo e nem quero agora, quero a porra da exaustão para tentar aliviar um pouco de tudo. - Não vai responder? - ah pirralho insistente

-Estou fazendo crochê, Saulo! - respondo com a voz trepidando, enquanto continuo com os golpes.

-Me chamou pelo nome, agora fiquei preocupado. - falou sorrindo e então veio caminhando com as mãos para trás do corpo, me observando, até ficar de frente para mim.

 - falou sorrindo e então veio caminhando com as mãos para trás do corpo, me observando, até ficar de frente para mim

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ALEXANDRE FERRARI IIOnde histórias criam vida. Descubra agora