C.4 - Seu primeiro olhar

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ALEXANDRE

Há dois anos...

-Caralho, Renata! Quantas vezes preciso falar? Pensei que tudo tivesse ficado esclarecido ontem. - falei irritado, enquanto colocava os documentos necessários na pasta de couro.

-Você não pode simplesmente ir embora da minha vida, me deixar e abandonar isso tudo! Como eu vou fazer isso tudo sozinha? Você é um covarde, Alexandre Ferrari! Essa sua fama de homão, não passa de uma fachada! Eu esperava bem mais de você! - disse alterada e respirei fundo, busquei por todo o controle que eu necessitava, principalmente com Renata e principalmente agora.

-Respira e senta aqui. - falei a pegando pela mão como uma criança e a colocando sentada no sofá do escritório. - Vou repetir o que já falei, para que não reste dúvidas. Nós não damos certo como um casal, já não dávamos há um tempo e nossa relação amorosa acabou ontem. Mas não vou abandonar você nesse momento, nunca a abandonaria assim. Estarei do seu lado para o que precisar, assumirei o meu papel, darei meu apoio, suporte e tudo o que for necessário, mas hoje, somos apenas amigos e a nossa convivência seria muito mais facilitada e saudável se você também concordasse e aceitasse isso logo.

-Você tem outra, não tem?

-Já falei, incontáveis vezes, que não! E, a partir de agora, essa parte da minha vida também não diz respeito a você, assim como a sua não dirá a mim.

-Eu conheço você, conheço há muito tempo, sei o que quer. Você cansou de mim e dessa vida comprometida, foi desse jeito com todas as suas inúmeras namoradinhas, mas eu não fui mais uma delas! Eu não fui só uma namoradinha sua! Não fui só um maldito nome na sua lista! Estive acima disso, na verdade, ainda estou, porque eu não aceito! EU NÃO ACEITO! - gritou - Acha que eu não sei que o que deseja é voltar para a sua vida de solteiro e ter uma vadia diferente todas as noites? Eu sei! Mas essa não é mais vida para você! Temos problemas? Sim. Mas podemos superá-los, podemos fazer tantas coisas...

-Renata...

-Tudo o que quiser, Alexandre... faço tudo o que quiser, mas não me deixa sozinha! - pediu com os olhos marejados e aquela raiva dirigida a mim.

-Não se rebaixe assim, você é maior que isso. - falei - Não vou deixá-la sozinha, tem minha palavra. Não sou irresponsável e nem inconsequente para fazer isso, e sabe muito bem disso. Sempre respeitei você e assim continuarei fazendo, mas a minha vida íntima e o que quer que eu faça com ela, não é mais do seu interesse, pelo menos, não deveria ser. - falei e ela permaneceu em silêncio.

-Quando eu deixei de ser a mulher da sua vida? Em que momento? Me diz, porque eu realmente não notei quando seu olhar parou de brilhar ao me ver, me diz, Alexandre!

-Para de remoer passado, isso só vai trazer mais mágoas para você, que não deve e nem pode estar se permitindo passar por esse tipo de estresse.

-Responde minha pergunta, Alexandre!!! - começou o histerismo.

-Tem certeza que deseja saber? Tem certeza que vai querer ouvir o que vou falar, porque eu não costumo mentir, Renata e sabe muito bem disso.

-Fala Alexandre! - disse levantando abruptamente e batendo o pé no chão. Inferno!

-Acho que você nunca foi essa mulher. - falei e ela começou a respirar mais forte, com o olhar cheio de raiva para mim e sei que está a um passo de surtar.

-Eu mereço coisa melhor que você... - falou com voz carregada.

-Agora estamos concordando em alguma coisa.

ALEXANDRE FERRARI IIOnde histórias criam vida. Descubra agora