C.72 - Risco iminente III

11.8K 1.2K 776
                                    

ALEXANDRE

-Me dá, Tiago! - outra médica que havia informado que era da pediatria e que estava calada o tempo todo, apenas observando o procedimento, pede e então o médico entrega o bebê para ela, que o coloca em outra maca um pouco distante e começa a pedir alguns equipamentos e em seguida vejo o momento que ela entuba ele e um enfermeiro chega com uma incubadora móvel na sala e ela o coloca dentro. - Consegui. - ela fala para o médico.

-Alexandre... - ouço Inês me chamar e então busco minha alma de volta para o corpo e a encaro, voltando a ficar do seu lado.

-Oi, Inês, eu sou a doutora Quézia, médica do seu filho. - a mulher que o entubou fala se aproximando - Por ter um parto prematuro, já era esperado que ele tivesse certa dificuldade para respirar sozinho, pois os pulmõezinhos ainda não estão maduros o suficiente. Ele está sendo levado para UTI neonatal agora, onde ele vai receber os cuidados que precisa. Mas fique tranquila, prometo cuidar dele e fazer todo o possível para que em breve ele esteja com você. - ela diz de modo rápido e então sai, junto com mais um médico, levando Lukas na incubadora.

-Lukas... - Inês fala chorando e meu peito aperta com isso. Sento de volta ao seu lado.

-A frequência cardíaca dela está aumentando. - um dos médicos fala.

-Inês, sei que está preocupada com seu filho, mas ele está em boas mãos, agora preciso que respire fundo e se acalme, para terminarmos. - o médico dela fala, mas ela não para de chorar.

-Ei! - a chamo segurando sua mão e a encarando - Vai ficar tudo bem, vão cuidar dele, pra ele voltar pra você!

-...ver ele. - ela esboça algo antes que não entendo, mas compreendo que ela diz que queria vê-lo.

-Você vai ver ele, vai ver por muito tempo. - digo segurando sua mão com as minhas duas e a encarando de perto, mas ela continua chorando. - Ei, eu não vi muito dele também - começo a falar - Mas ele é maior do que eu esperava para a idade dele, é um garotão! - afirmo e ela sorri levemente - Ele tem bochechas grandes, cabelo ralinho, a boca parece com a sua e ele abriu um pouco os olhos, não deu para ver muito, mas parece com os seus e com os de Ísis... ele se parece com você, se parece muito com você.

Falei e ela ficou quietinha ouvindo tudo com atenção e sorrindo, como se tentasse imaginar.

- Ah e ele também tem seus pés feios, foi o único defeito que encontrei. - completo e então ela sorri, revirando os olhos. - Mas nele até que fica fofo. - falo enxugando seu rosto.

-Obrigada. - ela diz um pouco mais calma.

-Ei, eu falei que fica fofo nele, em você é feio de todo jeito! - afirmei e então ela sorriu me encarando.

-Pateta! - afirmou sorrindo.

-Sou eu, miss simpatia. - respondo e então continuo lá com ela, tentando passar toda segurança que posso, enquanto o médico termina.

.
.
.

Depois que a cirurgia de Inês terminou, ela foi levada diretamente para um quarto de pós-operatório, onde já estava tudo equipado para ela, inclusive a cama, com protetores nas costas para imobilizar seu corpo e impedir que ela virasse ou fizesse movimentos bruscos. O médico deu algumas recomendações, como não forçar para falar muito, evitar mexer as pernas, depois que a anestesia passasse, e não fazer nenhum movimento brusco com os braços.

Por isso, dei um jeito de conseguir um bloco de notas grande e uma caneta para ela, para escrever quando não conseguisse falar tudo e também deixei um celular com ela, para ter como se comunicar com rapidez com a gente. O médico também avisou que seria normal que ela sentisse um cansaço excessivo e que não lutasse contra o sono. Depois de dar mais uma conferida na pressão, batimentos, soro, medicação e saturação dela, ele disse que estava tudo em ordem e então saiu, avisando que a cada três horas os enfermeiros viriam para virar ela para o outro lado, para evitar má circulação e dores.

ALEXANDRE FERRARI IIOnde histórias criam vida. Descubra agora