C.77 - Minha Estrelinha II

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ÍSIS

Alguns dias depois...

Os últimos dias não foram fáceis, foram dolorosos, as horas pareciam se arrastar e nada em volta parecia ter mais graça, eu não tinha ânimo para muita coisa

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Os últimos dias não foram fáceis, foram dolorosos, as horas pareciam se arrastar e nada em volta parecia ter mais graça, eu não tinha ânimo para muita coisa. A única parte em que conseguia dar algum sorriso, era quando íamos ver Lukas, mas ainda assim, toda vez que éramos obrigados a sair de perto dele doía, tanto em mim, quanto em Alexandre, que estava cada dia mais apegado a ele.

Meu pai também deu certo trabalho nos primeiros dias e eu fui o mais compreensível que consegui, pois também não era capaz de dimensionar a dor que ele estava sentindo. Só me alertei mais ao terceiro dia, quando a médica dele veio falar comigo, avisando que ele estava irredutível quanto a alimentação, não aceitava nada para comer e nem beber e isso estava afetando a recuperação dele, que já deveria até ter recebido alta.

Respirei fundo e depois de conversar um pouco com Alexandre, que tem sido simplesmente TUDO para mim a todo instante, fui até o quarto do meu pai, onde ele brigava com o enfermeiro, pedindo para que ele tirasse a bandeja com a comida dalí.

-Eu não quero, tira isso daqui, agora! - fala exaltado para o enfermeiro.

-Pai! - reclamo - Pode deixar aí, obrigada. - falo para o enfermeiro que se retira e então me aproximo.

-Nem adianta falar nada, porque eu não quero nada, muito menos esse frango albino destemperado. - ele diz afundando a cabeça no travesseiro e então sento na maca ao seu lado.

-Não pode piorar, pai. - falo depois de alguns segundos em silêncio.

-Eu vi a minha filha nascer, eu não vi ela crescendo direito, mas tive que enterrar ela. Um pai enterrar uma filha. Eu não posso ficar pior que isso. - fala e então permaneço o encarando - Então, não dá para simplesmente sair do enterro da sua filha e ir comer comida de hospital, isso é ridículo...

-Eu sei... - falo e ele me encara - Eu também penso nisso, que tudo parece tão insignificante, mediante o que aconteceu... mas essas coisas não podem deixar de ser feitas...

-Mas não me importa...

-Pai...

-Eu não me importo! - ele me corta e vejo a dor no seu olhar.

-Mas eu sim! - respondo imediatamente - Se você não consegue fazer isso pensando na sua saúde, em você, na sua melhora, faz por mim então.- peço tentando conter minhas lágrimas - Nós já perdemos muito... perdemos demais e eu não quero e nem posso perder você também. Então será que dá para fazer o favor de comer? - pergunto já chorando

-Filha... - ele diz colocando sua mão sob a minha.

-Ela não vai voltar, pai, não adianta, por mais que a gente queira, ela não vai! Ficar se castigando, se punindo não vai adiantar, só vai piorar tudo. - falo limpando o rosto, mas as lágrimas dominam com mais intensidade - Então se esforça um pouco, por mim e pelo Lukas, porque a gente vai precisar de você. - completo e ele fica em silêncio por um tempo.

ALEXANDRE FERRARI IIOnde histórias criam vida. Descubra agora