C.19 - Jantar

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ÍSIS

Acabo de terminar minha sobremesa deliciosa e ainda estou tentando recuperar o fôlego depois de todos os comentários e olhares sugestivos desse homem que quase me fez ter inveja de uma colher por estar sendo lambia várias e várias vezes bem lentamente.

-Tudo bem aí, loira? - ele pergunta, enquanto passa o guardanapo no canto da boca de modo suave.

-Tudo, senhor provocador! - digo cerrando os olhos e bebendo um gole do meu vinho.

-Não imagino do que possa estar falando! - diz fingindo inocência.

-Ah, claro que não, porque você jamais ficaria insinuando gestos com uma colher para me provocar, não é mesmo?! 

-Claro que não, isso não é coisa de um príncipe! - ele diz sorrindo e levantando-se da sua cadeira. - Vem comigo. - diz estendendo a mão.

-Mais dança? - pergunto colocando minha mão sob a sua.

-Não, desta vez, algo mais calmo. - ele responde sorrindo, enquanto me ajuda a levantar e começa a me guiar em direção à parede de vidro no final do espaço.

-Me levando para ver a vista da cidade? - pergunto quando nos aproximamos

-Sim, mas de um jeito especial.

-Hmm e que jeito especial é esse?

-Um jeito que poucos têm conhecimento, mas, por sorte, eu sou um desses poucos. - ele diz colocando a mão no vidro em um encaixe quase imperceptível e empurrando para o lado, de modo a fazer uma parte do vidro deslizar e o que eu pensava ser tudo uma parede só envidraçada, tem, na verdade, uma porta camuflada para uma espécie de varanda. - Venha - diz Alexandre apontando para a varanda, mas quando olho para o chão dou uma pequena travada ao notar que também é todo em vidro, evidenciando perfeitamente toda a paisagem abaixo de nós e, claro, a altura que estamos do chão. - Tudo bem? - ele pergunta 

-É que… a altura é um pouco intimidadora. - digo ainda com os olhos fixos no chão transparente 

-Olhe para mim. - pede e assim faço - Confie em mim, loira. É totalmente seguro. - diz e então respiro fundo e assinto. Dou passos relutantes e grudo minhas mãos no braço de Alexandre que se mantém perto e me guia até o parapeito que, adivinha, também é todo em vidro.

-Rodrigo gosta de um vidro, não é mesmo? - digo tentando me manter tranquila, com a lateral do corpo apoiado no parapeito e as mãos grudadas em Alexandre, que agora fica bem mais próximo, com as pernas praticamente encaixadas nas minhas.

-Foi um projeto desenvolvido para ocasiões particulares ou especiais. - ele diz sorrindo - É um pouco alto, realmente, mas a vista vale a pena. - ele diz e então destino minha atenção para a paisagem urbana a noite.

-Vale mesmo! - concordo com o olhar fixo nas várias luzes dos prédios próximos e distantes, enquanto o vento frio e fresco nos embala de uma forma deliciosa.

-Ísis. - pronuncia meu nome de uma forma que só ele consegue e então o encaro e ele já não está mais tão sorridente.

-Sim?

-Quando a convidei para jantar, sabia que seria bom, só por ter a sua presença, mas nunca imaginei que pudesse ser tão leve e tão, tão bom assim. - diz e então sorrio para ele que ainda se mantém sério.

-Também adorei nosso jantar. - respondi e senti seu polegar alisando a lateral do meu rosto.

-Mas o meu intuito também era outro...

-Qual?

-Conversar.

-Sobre o quê exatamente?

ALEXANDRE FERRARI IIOnde histórias criam vida. Descubra agora