C.84 - Do seu lado

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ÍSIS

Já é um pouco tarde da noite e todos foram dormir, enquanto eu já estou embalada no jeans, botas, camisa com mangas longas, assim como já organizei a bolsa de Lukas e ele também, que está todo empacotadinho, porque a noite na fazenda não economiza no frio.

Fiquei com o celular na mão e então recebi a mensagem que aguardava: "Cheguei"
Pendurei a bolsa pela alça longa no ombro, coloquei o celular no bolso e em seguida coloquei Lukas com cuidado na cadeirinha e o cobri com a manta. Peguei a cadeirinha com as mãos e agora parece que ele pesa 100 quilos!

Saí do quarto com cuidado e desci as escadas tentando fazer o mínimo de barulho possível. Cruzei a sala e saí pela entrada da lateral da casa, onde já fui embalada pelo vento frio da varanda e então andei um pouco pela grama, em direção ao carro que, diferente dos demais, estava com o motor funcionando, apesar dos faróis desligados. Assim que me viu, ele desceu do carro e já me deu um sorriso cordial, enquanto se aproximava.

-Conseguiu entrar rápido até. - digo, enquanto ele pega a cadeirinha com Lukas e começa a carregar para mim.

-Eu tenho acesso liberado aqui, mas a minha escolta não, por isso tive que deixar eles dois quilômetros antes da entrada do terreno, para não levantar muita suspeita.

-E por que a sua escolta levantaria suspeitas, se ela é sua?

-Por que eu nunca ando com escolta. - ele diz

-Ah... - falo um pouco desconsertada e então ajudo a prender o cinto na cadeirinha de Lukas no banco de trás, até me certificar que está bem firme. Coloco a bolsa no piso do carro e organizo melhor a manta, para cobrir totalmente Lukas, pois está bem frio.

-Tudo certo?

-Acho que sim. - respondo já me organizando para entrar e sentar ao lado do meu pequeno quando ouço a voz que reconheço se aproximando.

-Ísis, não faça o que está pensando em fazer.

-Me fodi! - Rodrigo diz me encarando, mas não demonstra preocupação alguma.

-Eu não estou pensando, já estou fazendo, Mel e nada do que diga vai mudar isso. - respondo para ela.

-Ísis, me escuta, por favor. Eu sei que é uma situação difícil, você está passando por muita coisa, mas sair daqui não é seguro, Apolo nos mandou para cá por um motivo...

-E eu estou saindo daqui pelo meu maior motivo, porque se eu ficar presa mais um dia nessa fazenda, sem ver ele, falando dez minutos por noite, enquanto ele fica internado se recuperando de uma cirurgia no coração, eu vou enlouquecer!

-Eu sei que é tudo muito complicado, que as emoções ficam a mil. Eu passei pela mesma coisa com Apolo...

-Não! - a corto e ela me encara franzindo o cenho - Téo me contou como aconteceu com você e teve sim semelhanças com o que está acontecendo agora, mas a maior diferença, é que você estava lá com ele, todos os dias, dormia com ele. Você estava lá quando ele acordou e acompanhou toda a recuperação dele, sem sair do seu lado por um segundo sequer. Não foi isso? - pergunto

-Sim, mas...

-Agora se imagina de novo naquele momento e simula que tem uma dúzia de pessoas te afastando dele, te mantendo longe, porque "a segurança é mais importante". Você reagiria bem? Ficaria conformada? Esperaria sentada e calma? Porque, bom, é isso o que estão pedindo de mim e eu não consigo mais. Você conseguiria? - pergunto e ela fica calada, me encarando por alguns segundos.

-Não, eu não conseguiria. - responde por fim.

-Então não me peça para fazer isso também. - peço e ela se aproxima.

ALEXANDRE FERRARI IIOnde histórias criam vida. Descubra agora