C.71 - Risco iminente II

10.7K 1.2K 755
                                    

ÍSIS

Passei o caminho inteiro segurando a mão de Inês, que me encarava fixamente com aquele olhar brilhante de despedida que eu estava detestando! Enquanto isso, um dos paramédicos avaliava como podia o ferimento da bala, onde cortou a camisa de Alexandre e a minha blusa amarrada no local para conseguir acessar.

Travei os dentes quando ele fez uma lavagem com soro e em seguida fez um curativo limpo para evitar contaminação. O outro paramédico já havia colocado algumas gazes ao redor da faca nas costas de Inês, onde evito olhar para não me desesperar e ele me deixava nervosa a cada vez que atualizava a pressão e saturação dela, que estavam cada vez mais baixas.

Assim que chegamos, uma equipe já estava a postos para receber ela e entraram com ela, mas não pude acompanhá-la, porque a outra médica foi informada que fui baleada, como seu eu me importasse com isso agora!

Segundos depois vi Alexandre entrando e o pedi para seguir ela, não queria ficar no escuro com a situação e nem muito longe dela agora. Assim que ele sumiu indo atrás dela, parece que a realidade bateu mais forte, eu me sentia mais fraca.

-Essa bala está aqui há quantas horas? - a médica pergunta percebendo que o ferimento não é tão recente, mas não consigo responder, pois nesse momento caio em uma crise desesperada de choro, em que o medo e a cena dela caindo nos meus braços tomam conta de mim.

-Desculpe. - falo para ela por não conseguir me conter e nem colaborar.

-Tudo bem. - ela fala se afastando um pouco e depois retorna, me entregando um lenço descartável.

-Obrigada. - digo tentando controlar meu desespero e os soluços que querem começar a vir.

-A gestante que entrou é sua familiar? - pergunta

-Sim, minha irmã. - falo chorando mais.

-Entendo. É uma situação delicada, mas eles farão tudo o que for possível para ajudar ela. Devemos fazer daqui também. - ela diz e então respiro fundo, assentindo.

-Tudo bem.

-À primeira vista parece um ferimento fácil de ser tratado, não está tão profundo, mas de toda forma, vou pedir um raio-X para me certificar de que o projétil não atingiu nenhum osso ou camada comprometedora e depois vemos o próximo passo.

-Certo. - falo e então ela chama um médico mais novo, com um fardamento diferente, deve ser um interno e conversa com ele, que em seguida vem até mim e se apresenta, informando que vai me levar para o raio-X e começa a empurrar a maca, mesmo eu achando um exagero, por eu ainda poder andar perfeitamente.

No meio do caminho, Alexandre aparece e seu semblante confuso entrega a pergunta que está fazendo.

-Raio-X. - falo e então ele assente, já começando a acompanhar a maca - Como ela está?

-Eles ainda não sabem dizer, mas vão fazer exames para ver o estado dela e tem um obstetra para ver o bebê também e o sangramento parou.

-Tá... - falo nervosa - Vai dar tudo certo né?! - indago e ele alisa meu rosto - Me diz que vai... eu preciso ouvir que vai. - completo tentando respirar, mas não conseguia mais tão bem.

-Vai dar tudo certo, minha loira! - ele afirma alisando meu rosto e dando uma piscadela para mim, que faz com que eu consiga respirar um pouco melhor e soltar um breve e fraco meio sorriso. Alexandre sabe como aliviar a tensão de uma situação como ninguém e com um simples gesto e palavras, conseguir me acalmar mais, porque é disso que preciso agora. Preciso de calma e preciso acreditar que vai dar tudo certo.

ALEXANDRE FERRARI IIOnde histórias criam vida. Descubra agora