C.75 - Na beira do penhasco III

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ÍSIS

Então começo a contar tudo do início para o meu pai, desde quando ela bateu na minha porta com um teste de gravidez positivo, até agora

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Então começo a contar tudo do início para o meu pai, desde quando ela bateu na minha porta com um teste de gravidez positivo, até agora. Tento minimizar o máximo de fatos ruins que consigo, mas isso não impediu que meu pai se desesperasse em alguns momento e nem que não chorasse como está agora.

-Ela pediu que eu fosse atrás do senhor e eu sinto muito por ter que ter sido nessas condições. - digo para ele.

-Eu sabia que não devia ter deixado ela ir embora com aquele marginal, eu tinha que ter levado ela para casa... ela estava bem ali na minha frente, só precisava que eu tirasse ela daquilo, eu tinha que ter tirado ela de perto dele naquele dia... - fala inconformado, esfregando o rosto com as duas mãos.

-Pai, para com isso. Nós dois sabemos que mesmo que conseguisse levar ela para casa, ela fugiria no outro dia de novo, porque a Inês é determinada, quando ela quer algo, não tem quem impeça e ela quis aquela vida, ela escolheu aquilo, ela escolheu muitas coisas que fugiam do nosso controle, infelizmente. - digo

-Eu sou pai dela e agora ela pode morrer, mas eu sei que ela chegou onde chegou em parte por culpa minha e isso não dá pra remediar, minha filha. - ele fala para mim enquanto encara a parede.

-Eu também me sinto assim...

-Mas não deveria. - fala já me encarando. - Sua mãe era um irresponsável e eu talvez pior que ela por saber e não fazer nada, então você acabou tomando para si a responsabilidade com Inês. Se teve alguém que cuidou daquela menina foi você, então não se culpe, porque você não falhou com ela, você fez bem mais do que eu e sua mãe somados, fez além do que o seu papel exigia... não se lamente. - ele pede pegando minha mão e então o encaro em silêncio por algum tempo.

-Eu acho que nenhum de nós deve se lamentar, pai, não é mais momento para isso... eu penso que é momento para recomeçar e isso pode acontecer a partir de agora. - falo e ele assente. - Ela quer ver você, ela pediu por isso.

-Eu também quero ver ela... - ele fala balançando a cabeça positivamente - E o bebê? Como ele é? - pergunta e então sorrio.

-Ele é grande, gordinho e é a cara dela, parece muito com ela bebê. - digo e ele sorri junto.

-Meu Deus, queria tanto ter visto ela grávida... eu faria tudo tão diferente se soubesse, filha... - fala e me vem um aperto no peito.

-Eu sei que sim. - digo e respiro - Posso pedir uma coisa?

-Claro, o que quiser.

-Quando ela perguntar o que o senhor tem, porque ela vai, pode não dizer agora que foi por causa dela? Ela já está passando por muita coisa...

-Eu nunca diria isso, eu não culpo ela por isso. - ele fala e então assinto mais aliviada.

Converso mais um pouco com meu pai, informando o estado de Inês, para que não seja um baque tão grande quando ele for ver ela e depois disso saio do quarto, deixando ele descansar um pouco, enquanto vou com Alexandre para o restaurante do hospital. Almoçamos e confesso que me sinto mais calma, Alexandre sempre colabora para isso, claro, ele não me deixa mais do que cinco minutos sem um sorriso no rosto, porque esse é o seu super poder, de conseguir tirar toneladas de tensão do ar.

ALEXANDRE FERRARI IIOnde histórias criam vida. Descubra agora