C.39 - Descobrir

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ALEXANDRE

Se eu dissesse que sei explicar tudo o que sinto agora, estaria mentindo. Meu peito está apertado, minha cabeça lateja, meu sangue ferve e eu consigo sentir a fúria em mim, como se me consumisse aos poucos... Eu não sei o que é pior, acreditar ou não acreditar em Silas, eu só sei que ambas as alternativas doem... Não consigo controlar minha mente, nem essa raiva desenfreada que quer atacar, esse peso na garganta e os extremos que me consomem, da vontade de me calar e me fechar, ou gritar, rasgar esse ódio com a voz de vez...

-Tem certeza de tudo o que está me falando? – pergunto já sentindo o impulso do sangue fervendo no meu corpo e já deixando trêmulas minhas mãos com sentimentos que não sei descrever.

-Infelizmente, sim.

-Quando exatamente você descobriu isso? – pergunto e então o vejo engolir em seco.

-Duas semanas.

-DUAS SEMANAS? E SÓ ME CONTA AGORA? – grito puto da vida

-Eu precisava verificar se era verdad... – ele começa a falar, mas algo em mim é mais forte e nem sei se pensei, apenas soquei com tudo a cara dele, cego com toda a carga de ódio que sentia.

-TINHA QUE TER ME CONTADO! – digo puto e ele se recompõe me encarando.

-Está tudo bem... – ele diz para Saulo e Apolo que se aproximam, já alertando que não vai revidar, mas ainda assim eles permanecem aqui, entre nós. – Alexandre, tem que entender...

-ENTENDER, SILAS??? ENTENDER?? COMO SE ENTENDE ISSO?? – pergunto levando as duas mãos à cabeça com força.

-Mas que caralho está acontecendo? – Apolo pergunta

-Eu não poderia simplesmente jogar essa bomba em cima de você sem ir atrás de provas, Alexandre...

-Provas sobre o quê, Silas? – Saulo pergunta e ele olha para mim.

-Que gritaria é essa? – ouço a voz da minha mãe e alguns passos em conjunto se aproximando, então cometo grande erro de virar na direção deles e ver minha irmã junto com
ela, meu pai, assim como Ísis, mas um pouco mais afastada a vejo...

-VOCÊ! – digo puto apontando o dedo e já dando alguns passos na sua direção – EU DEVERIA MATAR VOCÊ, SUA MALDITA!! – gritei e ela recuou assustada, arregalando os olhos para mim – SE TE MATASSE, AINDA SERIA POUCO POR TUDO O QUE FEZ! – digo já avançando mais e então Saulo e Apolo se põem do meu lado, já me impedindo de continuar.

-Do que está falando? – pergunta fingindo ofensa. Dissimulada de um caralho!!!

-DA SUA MENTIRA, SUA PORRA!! – grito tentando avançar cego de raiva e Apolo e Saulo me seguram.

-Meu filho, o que está havendo? – minha mãe pergunta em tom de súplica, mas não me dou ao trabalho de olhá-la, meu foco está somente no rosto nojento dessa mulher maldita.

-Eu também não estou entendendo, dona Estela... – ela fala já derramando lágrimas falsas, assim como tudo nela, para minha mãe.

-Corta essa Renata, ele já sabe de tudo, acabou o seu circo! – Silas falou e então ela simplesmente congelou, parecia que agora havia se tocado do que se tratava. Seu rosto ficou imediatamente pálido, sua expressão mais assustada ainda e eu diria que até com medo, enquanto baixava o olhar, porque não conseguia mais me olhar nos olhos... filha da puta!

-Alexandre, eu sei que está com raiva agora, mas...

-RAIVA??? – indaguei – EU QUERO MATAR VOCÊ! ISSO VAI BEM ALÉM DE RAIVA!

ALEXANDRE FERRARI IIOnde histórias criam vida. Descubra agora