C.74 - Na beira do penhasco II

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ÍSIS

Pegamos a estrada e eu tentava respirar fundo e me manter calma, enquanto Alexandre dirigia e alisava minha coxa.

-Vai ficar tudo bem. - ele fala pegando minha mão.

-Não gosto de ter que ficar longe. - digo

-Eu sei, mas vou fazer o possível para voltarmos logo. - ele diz já encostando o carro em uma lanchonete e franzo o cenho. - Me dê cinco minutos. - pede e então assinto, esperando no carro.

Pouco tempo depois ele retorna com dois sucos e uma sacola com alguns salgados pequenos misturados.

-Beba e coma. - fala para mim, enquanto dá a partida novamente.

-Eu nem estava lembrando de comer... - falo, pois a fome parecia uma desconhecida no momento.

-Mas eu sim. Você não comeu nada ontem e nem hoje. Então coma. - fala

-Mandão! - falo já bebendo um pouco do meu suco e então vamos o caminho inteiro comendo e conversando.

Alexandre realmente não economizou no acelerador e entramos na cidade com menos tempo do que o convencional para chegar, mesmo sendo longe.

-Me guie. - ele pede e então vou mostrando as ruas que deve entrar e claro que, com essa sequência de carros importados e grande passando, as pessoas começavam a sair para tentar ver quem era, a parte ruim de cidade pequena: as pessoas amam uma fofoca da vida alheia.

-Lembra? - pergunto para ele, apontando para a praça central, com o enorme espaço vazio e então ele sorri.

-Lembro, foi aqui que eu ganhei uma aposta de uma loira terrivelmente linda. - diz e então sorrio.

-Isso depois flertar com metade da festa. - digo

-É que eu ainda não tinha visto você. - fala sorrindo de lado para mim.

-E o que isso mudaria?

-Tudo. - responde me encarando e então beija minha mão. Apenas sorrio e continuo indicando as ruas para ele, até que paramos em frente a casa do meu pai.

Alexandre desce e dá a volta no carro, abrindo a porta para mim e me ajudando a descer também, tomando cuidado com meu braço.

Fico paralisada olhando para a entrada da casa.

-Tudo bem? - ele pergunta para mim.

-Tudo... é só que faz um bom tempo que não venho aqui. - digo para ele.

-Precisa de um tempo? - pergunta

-Não... vamos de uma vez. - falo e então caminho até a porta e toco a campainha uma, duas, três vezes, mas ninguém atende.

-Será que ele não está em casa? - Alexandre pergunta

-Pode ser que esteja na loja. - digo tentando abrir a porta e para minha surpresa estava destrancada e então tomo a liberdade de entrar. - Pai? - chamo entrando na casa e Alexandre vem atrás de mim. - Pai? - chamo mais alto, mas não tenho nenhuma resposta. - É, acho que não tem ninguém aqui. - falo para Alexandre.

-Costumam deixar a porta aberta? - ele pergunta olhando em volta.

-É, aqui não é tão perigoso e nunca tivemos que nos preocupar com segurança. - explico.

-Ainda assim, me parece arriscado. - ele fala andando - São vocês? - pergunta vendo as fotos expostas na parede.

-Sim. - respondo e ele sorri, pegando uma foto minha nas mãos.

ALEXANDRE FERRARI IIOnde histórias criam vida. Descubra agora