C.53 - Sem trégua V

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ÍSIS

Nesse momento, estou entrando na delegacia com os policiais e sou levada até uma sala, onde me colocam sentada de frente para o homem que me encara com certo desgosto e seu julgamento ao olhar para mim chega a ser palpável. Ele conversa brevemente com o policial que entrega um papel e a minha câmera para ele que passa algum tempo avaliando ambos.

Destino minha atenção para o ambiente e então vejo sob a mesa a placa o identificando como delegado.

-E então, Ísis Garcia, sabe o motivo de estar aqui? – ele pergunta dispensando o policial e colocando a câmera e o papel sob a mesa.

-Por um grande erro, com toda certeza. – respondo

-Discordo. – ele diz – Essa câmera é sua? – pergunta apontando para ela em cima da mesa.

-Sim, ela é minha. – respondo respirando fundo

-Bom, sabe o que significam esses números? – pergunta me mostrando o papel

-São os números de série de identificação de uma máquina.

-De uma máquina não, da sua! – ele diz dobrando o papel sob a mesa – A mesma que tirou a foto de um documento sigiloso e forneceu a imagem para um jornalista divulgar.

-Eu não fiz isso! – afirmo

-Como detentora da câmera, quem mais suspeito?

-Mas não fui eu!

-Vamos lá, poupar o seu tempo e o meu... – ele começa se organizando na cadeira – Quem pediu para que tirasse a foto?

-Eu não tirei a foto!

-Pagaram você para fazer isso?

-Mas eu não fiz, será que não está me ouvindo? – pergunto

-Trabalha para alguém que tem interesse na divulgação dos dados de Alexandre Ferrari?

-Não! Eu não trabalho para ninguém, não tirei foto alguma e vocês estão cometendo uma injustiça clara aqui! – afirmo irritada

-A única coisa que está clara é que a sua câmera foi o aparelho utilizado para fotografar um documento que foi publicado criminosamente e ela estava com você, então a menos que ela seja moderna o suficiente para fotografar sozinha e passar a imagem para um dispositivo externo, eu recomendo que comece a assumir, porque se não colaborar a sua situação com a justiça pode piorar.

-Eu não faço ideia de como a minha câmera pode ter sido utilizada para fotografar aquele documento, mas se tem algo que posso afirmar é que nunca faria nada para prejudicar Alexandre e muito menos tiraria a droga daquela foto.

-Controle o vocabulário, se não vai ser autuada também por desacato. – diz em tom contido e bufo

-Será que não me escuta? Eu não tirei a foto! – afirmo mais uma vez de forma indignada

-Deixa eu explicar para você, eu tenho um caso importante para solucionar, envolvendo um nome importante, eu tenho o crime, eu tenho o objeto do crime e eu tenho a dona do objeto do crime, portanto, eu tenho a criminosa e se eu tenho a criminosa, eu tenho o caso encerrado, e é muito importante para mim que esse caso seja encerrado e solucionado para conseguir manter o meu nome e relação intacta com pessoas importantes. Agora, você já pode confessar e se beneficiar por cooperação ou continuar ocultando a verdade de mim.

-Mas eu não fiz nada do que está me acusando! Eu sou inocente! – falo e ele sorri.

-Claro que é, todos os que sentam nessa cadeira são! Mas, como bem dizia meu tutor da polícia, bandido só muda de cpf! – diz e faz sinal para um policial atrás de mim – Podem fichar ela! – completa e então o policial me puxa pelo braço e então levanto, mas ainda encarando o delegado.

ALEXANDRE FERRARI IIOnde histórias criam vida. Descubra agora