C.82 - BÔNUS - Do lado de cá II

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BÔNUS

SAULO FERRARI

Não é nem um pouco difícil puxar na memória os momentos icônicos que tive na minha vida por causa do meu irmão mais velho, não só eu, mas a família inteira, porque se tem algo que Alexandre é especialista é em fazer todos ao seu redor sorrirem, ne...

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Não é nem um pouco difícil puxar na memória os momentos icônicos que tive na minha vida por causa do meu irmão mais velho, não só eu, mas a família inteira, porque se tem algo que Alexandre é especialista é em fazer todos ao seu redor sorrirem, nem que para isso ele te faça passar as maiores vergonhas da sua vida.

Lembro até hoje, quando no auge dos meus 13 anos, ele descobriu que eu nunca havia beijado uma garota e dez minutos depois tinha uma menina, filha da vizinha, com o pneu da bicicleta baixo na nossa rua. Sim, o mala tinha secado o pneu da bicicleta da moça e me fez ir como o herói dela com uma mini bomba compressora de mão. Mas não é que deu certo?! Sim, o meu primeiro beijo foi arquitetado pelo palhaço da família.

Ele sempre foi assim, desde criança, esse é o jeito Alexandre de ser. Animado, barulhento, ama uma festa, desconhece o significado de limites e não perdoa ninguém ao seu redor. Nós quatro sempre fomos muito próximos e unidos como podíamos, afinal, a gente ainda vai se matar um dia, mas o ponto é que Alexandre e eu nunca fomos completamente confidentes, talvez pela idade ou pelas fases em que vivemos em cada período, o que fez com que ele e Apolo fossem a tampa e a panela, e do lado de cá isso ocorria comigo e Selena. Mas nós todos sempre nos conhecemos muito bem.

E foi por isso que ficou claro para todos quando Alexandre parecia perdido, no tempo em que estava com Renata, sempre soubemos que havia algo de muito errado, mas ele nunca nos contou e sempre negava ajuda. Ele se afastou, parecia que afundava a cada dia mais e depois se reergueu. Mas eu sempre soube que ainda assim havia algo de errado. Apesar das brincadeiras constantes e do bom humor que custa alguns fios de cabelos de Apolo e meus, o fato de ser uma pessoa observadora me permitia notar que ele camuflava o que sentia de verdade.

Eu só consegui ver felicidade de verdade quando ele encontrou Ísis. Ele parecia ter se encontrado, assim como também perecia totalmente perdido quando ela quase o chutou de vez por causa de Renata. Mas ele mudou muito com Ísis, estava decidido, sabia o que queria e parece ter se entregado de verdade a ela, tanto que superou um falso luto, que estava o matando por dentro, por ela, para voltar para ela e ficar com ela.

Ver isso acontecer me assustou um pouco, porque não vejo a mesma possibilidade comigo. Meus dois irmãos encontraram as mulheres que irão dividir a vida e parecem estar exatamente onde deviam, se encontraram nesse destino feito a dois, como se tudo fizesse pleno sentido, como se sempre soubessem o próximo passo, só por ter aquela pessoa. Ver daqui me parece incrível. Viver daqui, me parece improvável.

Mas eu fico feliz por ambos, porque eu sei que estão felizes. E agora, Alexandre estava conseguindo tudo o que sempre quis ter, uma família. Ele estava construindo a família dele, mas quando se nasce um Ferrari, na maioria das vezes algo interrompe os nossos planos, estejamos preparados para isso ou não. É o que teremos que ensinar para o pequeno Lukas, já que ele já começou não tendo a recepção que merecia na família.

ALEXANDRE FERRARI IIOnde histórias criam vida. Descubra agora