ALEXANDRE FERRARI II

C. 41 - Recluso

ALEXANDRE

Assim que acordo, levanto devagar meu corpo de cima do dela, para não machucá-la e não acordá-la também. Puxo o edredom emaranhado na borda da cama e o estico, até cobrir seu corpo e acaricio levemente seu rosto... tão linda e tranquila, minha loira... mas não estou em condições para me manter perto dela o quanto desejo, minha cabeça está a mil com tudo o que soube ontem, com o ataque que ela sofreu e toda a merda que envolve minha vida... e que grande merda que é!

Deixo um beijo na sua testa e ela se remexe um pouco, mas não desperta. Então vou para o closet e visto roupas sociais para o trabalho e saio do quarto. Ainda é muito cedo e ninguém levantou, então apenas deixo algumas coordenadas para que Ísis tenha tudo o que precisa quando acordar.

Saio da mansão e confesso que faço isso com certa pressa, pois, apesar de amar minha família e saber que se importam e vão me ajudar, mesmo que eu não queira, hoje, sinceramente, não estou  no clima para ver e nem lidar com ninguém, sei que não consigo fazer isso, sinceramente, acredito que hoje é um dia que não me sinto capaz de fazer nada bem feito de tão fodida que a minha cabeça está, mas também não posso ficar parado, não quero e nem vou.

Assim que chego na Sede, entro pela entrada privativa da família, pois a principal ainda está fechada, e vou direto para minha sala, onde me acomodo e já começo a olhar o cronograma de obrigações que Laura deixou pronto para hoje e em seguida me atento para alguns relatórios que tenho que analisar para duas reuniões mais tarde.

Fico focado no que faço e nem noto o tempo passar, apenas quando Laura adentra na minha sala é que percebo que o dia de fato já começou.

-Bom dia, Doutor! – ela diz surpresa ao já me ver.

-Bom dia, Laura. – respondo com o melhor tom que consigo.

-Vim deixar os tópicos para suas reuniões da tarde. – ela informa colocando a pasta na minha mesa que abro imediatamente e passo olhar de forma rápida pelas informações.

-Ótimo. Já analisei os relatórios que deixou também, Laura. Obrigado.

-Disponha. – ela responde já se retirando, mas volta brevemente – O Doutor conseguiu analisar os documentos do novo caso?

-Porra! – xingo passando uma mão no rosto impaciente – Não consegui. Que horas será a reunião com o cliente?

-As 15hrs.

-Certo. Tenho que mandar trazerem os documentos da casa dos meus pais para cá. – digo para ela

-Eu posso providenciar cópias se o Doutor preferir algo mais prático e depois pode trazer as originais para o escritório. – ela sugere.

-Perfeito. Faça isso, Laura. – digo, então ela assente e se retira e eu retorno a me afundar no trabalho.

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A manhã passou voando de um jeito que nem senti o peso das horas, apenas segui no automático dentro das obrigações que tinha. Também não peguei no celular e nem quero, o deixei no silencioso, para não ser incomodado e somente alarmar caso seja algum código de emergência, pois não estou com cabeça para falar com ninguém hoje e confesso que estou fugindo um pouco do assunto.

Já passou do horário de almoço, mas não saí do escritório e nem vou, não tenho fome, mas tenho muitas coisas para fazer e isso hoje é algo bom para mim. Laura ainda está na sua pausa, mas preciso de alguns documentos que a pedi para imprimir, então levanto, saio da sala, vou até a recepção vazia e começo a olhar na sua mesa, para ver se já deixou impresso e como eu imaginava, os documentos já estavam aqui, organizados para me entregar. Os pego, mas antes que eu retorne para a sala, alguém se aproxima.