C.3 - Recognição

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ALEXANDRE

Depois dessa bendita ligação de Renata, respirei fundo, peguei minhas coisas na mesa, coloquei o paletó e saí do escritório. Assim que saio, vejo Laura concentrada no monitor do computador na recepção.

-Dia longo para você também, Laura? - pergunto vendo que estendeu seu expediente até agora.

-Sim, doutor. Precisa de alguma coisa?

-Não, chega de brincar de advogado por hoje, cansei! - falei e ela sorriu. - Boa noite. - falei, por fim, já caminhando em direção aos elevadores.

-Boa noite, dr.Alexandre. - a ouvi falar e então as portas de metal se abriram e vi que mais alguém também havia trabalhado até mais tarde hoje.

-Meu favo de Mel! - falei entrando e apertando o andar do térreo.

-Oi, cunhado! - disse me abraçando e retribuí o gesto.

-E aí, já está tudo certo com a papelada?

-Qual papelada?

-A do seu divórcio com o Ogro, para fugir comigo. - falei dando uma piscadela e gargalhou.

-Se ele sonha que você falou isso.

-Eu digo isso na frente daquela cara amarrada dele!

-Por favor, não quero ir no seu velório, cunhado.

-Relaxa, eu digo e saio correndo. Seu marido é velho, não me alcança!

-Vai nessa! E meu marido não é velho. - disse estreitando o olhar para mim e sorri.

-Preciso de uma mulher defensora assim.

-Quando é que vai se aquietar e arranjar uma? Essa vida de garotão está durando muito tempo, não acha?

-Acho, mas você não agiliza esse divórcio!

-Alexandre! - reclamou sorrindo. - Mas, falando sério, tem alguém mais especial povoando nessa sua cabeça desmiolada?

-Desmiolado??? Agora eu magoei! Tantos atributos para serem exaltados, tantas palavras e qualidades...

-Na verdade, Selena é quem chama você assim.

-Só podia ser aquela pirralha mesmo, queimando meu filme.

-Você está fugindo da minha pergunta.

-Não estou.

-Então me diz qual ou quem é o motivo de às vezes você ficar tão aéreo, pensativo, distante. Já reparei isso.

-Sempre soube que reparava em mim!

-Parece que existe mesmo alguém, já que insiste em fugir da conversa... disse ela estreitando o olhar em convencimento e apenas sorri desviando a atenção para os números rolando no elevador.

-Muito trabalho? - perguntei, realmente fugindo do foco, quando as portas abriram.

-Bastante. - falou sorrindo.

-Já disse que escolheu a área errada?

- Vai começar, Alexandre?

-Calma cunhadinha!

- Não fala da minha área!

-E eu achando que Aurora havia puxado aquele temperamento só do Polinho!

-Minha filha é uma anjinha!

-É verdade, mas a anjinha também é muito zangada, principalmente quando se fala do Ogro na frente dela.

ALEXANDRE FERRARI IIOnde histórias criam vida. Descubra agora