C. 47 - Caos II

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ALEXANDRE

Se vim com peito apertado, saio com ele dilacerado, rasgando de tanta dor, raiva, indignação e querendo me arrebentar inteiro por tê-la deixado daquele jeito, por ter que ver aquele olhar que é dono de mim cheio de lágrimas, sofrimento, por ter que virar as costas, sair e deixar a mulher que amo mais que tudo aqui e me afastar dela... No momento, terei que amá-la à distância e a ideia ainda não me desce!

...

Depois de uma noite infernal que passei no quarto do escritório, pois sabia que voltar para o meu apartamento onde ela esteve tantas vezes seria tortura e na casa dos meus pais teria que dar alguma satisfação, decidi ficar por aqui, evitando tudo e todos. Assim que o dia amanheceu, recebi de Décio o cronograma que pedi dos trabalhos de Ísis, pois mais tarde destinarei minha atenção inteiramente para organizar a segurança dela nos momentos em que for sair, bem como também chegará o pequeno rastreador que encomendei da franquia de segurança para ela.

Confesso que hoje levantei com certo esforço da cama, mas parti para o banho e em seguida me arrumei, pois já pela manhã tenho mais uma audiência com a defesa adversária do meu mais recente caso e Laura já deve estar finalizando a papelada, mas ainda assim, nada me faz parar de pensar nela, em como ela ficou e no fato de não poder seguir cada impulso que o meu corpo implora para ir atrás dela... parece que eu estou com um buraco na porra do peito!

-Doutor? – Laura chama minha atenção entrando na sala com uma pasta.

-Sim.

-Aqui a documentação que pediu. – diz me entregando a pasta

-Ótimo. Obrigado, Laura. – respondo conferindo brevemente tudo.

-A audiência começará daqui 40 minutos, Doutor. – ela me alerta

-Eu sei e é por isso que já estou de saída. – respondo pegando a chave do carro na mesa e saindo a passos largos do escritório para praticamente voar para o tribunal.

...

Quando foi que saí de uma audiência sem derrubar todos os argumentos opositores? Bom, não recordo quando isso ocorreu antes, mas hoje foi um verdadeiro fiasco! Minha mente não estava funcionando para porra alguma e eu simplesmente não consegui contra-argumentar as saídas legais que o patético do advogado arranjou para tentar tirar o cliente dele da reta e colocar o meu. Caralho! Agora tenho que trabalhar para recuperar a credibilidade com a minha parte e para sair com causa ganha na audiência final.

Volto para o escritório e se minha cabeça não funcionou na audiência, funcionaria ainda menos para as reuniões que tinha para hoje e pedi para Laura remarcar.

Arranco o paletó e minha mão coça para ligar para ela, para ouvir sua voz por um segundo que seja, para ver se eu consigo sentir um segundo daquela paz que só ela me traz, aquele poder que só ela tem de me tirar o controle e ao mesmo tempo dá-lo a mim... porra, não vou durar um dia sem essa mulher!

Jogo o celular com violência sob a mesa, irritado e frustrado por não poder fazer o que quero e apoio minha cabeça na cadeira, e minha mente começa a girar com tudo o que aconteceu ontem... os avisos na sua casa, as coisas que a infeliz de Renata falou, as suspeitas de Apolo e, de repente uma ideia bem ruim me vem a mente... na verdade, é uma boa, mas é arriscada.

Tinha que falar com os jornalistas hoje, mas vou deixar isso para amanhã, pois agora vou fazer algo que quando Apolo souber, vai desejar arrancar minha cabeça do pescoço, mas isso não vai me impedir, na verdade, agora, nada me impedirá, porque situações extremas exigem medidas extremas...

...

É aquela coisa, se já está no inferno, abrace o capeta!

Depois de passar por todo o sistema burocrático, assinar papelada e entregar objetos pessoais e minha arma, agora, estou passando, junto com o guarda, pelas várias portas e grades automáticas do local que é bem restrito. Só consegui acesso por ser advogado e claro, por causa do sobrenome que abre portas, mas além disso, também abre celas.

ALEXANDRE FERRARI IIOnde histórias criam vida. Descubra agora