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Estar naquele velório me fez lembrar de outro que estive anos atrás: do meu amado e querido avô paterno. Antes do dele também teve dos meus tios, pais da Anitta, mas na época eu era pequena demais para entender toda aquela comoção em torno da despedida de pessoas que jamais veríamos outra vez.
Mas quando foi do meu vô paterno muitos anos depois, eu já era uma adolescente bem entendida para saber e principalmente, sentir a dor profunda da perda. Eu lembro que não me aproximei do caixão dele uma única vez, nem mesmo quando não sei quem dos parentes avisou que era para nos despedirmos, porque fechariam o caixão para o traslado até o cemitério.
Eu me recusava a ter como última imagem do meu sempre alegre e engraçado vô, a dele pálido e inerte em um caixão rodeado de flores. Preferi guardar a boa imagem do vô vivo, me contando aos risos como costumava ser um general linha dura com seus oficiais do exército.
Lidar com a morte, ainda mais, quando ela é de alguém tão próximo da gente, é algo bem difícil. Não fazemos a mínima ideia de como fazer isso. E não há uma receita para tal!
De repente a gente se vê diante de um corpo sem vida dentro de uma caixa de madeira. Um corpo que por anos foi de alguém que construiu uma história ao longo dos anos, teve sonhos que almejou alcançar (e se teve sorte ou fez por merecer em vida até os realizou), corpo de alguém com virtudes e defeitos (às vezes com mais defeitos que virtudes ou vice e versa), que formou uma família ou não, enfim alguém que foi alguém.
Aí, esse alguém morre e fim da linha, da história, da jornada. Como um livro que se encerra, só que sem ter o final feliz, que gostamos de ler.
Eu não soube o que fazer e nem como lidar na época do meu avô, e continuo sem saber o que fazer e como lidar com a morte agora, quando estou no velório da minha sogra, observando de uma relativa distância Sarah lá junto da irmã dela recebendo as devidas condolências de cada novo conhecido recém chegado à capela e, que se aproxima delas.
Lá fora a imprensa se amontoa para fazer algum registro do velório. Aqui dentro o local está cheio de diversas pessoas que segundo Arthur vai comentando comigo e Camilla, tratam-se de: parentes e amigos tanto da parte de Sarah quanto de sua mãe ou da família Andrade. Há também alguns funcionários da sede daqui das indústrias Care; todos que vieram prestar sua homenagem a Abadia.
O namorado de Carla que fez questão de ficar de companhia comigo e Camilla, ao que parece conhece bastante pessoas do convívio da família Andrade, porque sabe exatamente quem é a grande maioria ali e sua familiaridade com algumas pessoas é notória. Mas apesar disto, suspeito que elas não saibam quem de fato Arthur Picoli é para a Andrade mais nova.
— Carla está tão arrasada. Coitada! - o homem que descobri ser de ascendência mexicana, e que ainda carrega em seu modo de falar o leve sotaque de sua língua nativa, comenta com pesar em determinado momento de observação a namorada.
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One Night - Versão Sariette [Intersexual]
Fanfiction"Não havíamos marcado hora, não havíamos marcado lugar. E, na infinita possibilidade de lugares, na infinita possibilidade de tempos, nossos tempos e nossos lugares coincidiram. E deu-se o encontro." (Rubem Alves) **** De longe a vi linda e charmosa...