08.

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Kaira.

Abri os olhos super desnorteada e sentei assustada ao ver que ainda estava na cela de uma prisão.

- Ou, cê tá bem? - Escutei a voz do presidiário e olhei pra porta, vendo ele sentado no chão com o tronco apoiado mesma.

- Eu tô. - Suspirei e fechei os olhos, sentindo a minha cabeça latejar.

- Não é o que parece. - Jogou uma garrafa de água na minha direção e eu abri antes de dar alguns goles.

- Foi tu que falou com o Jota no meu celular, né? O que cê quer de mim? - Perguntei e o silêncio que reinava foi substituído pelo barulhão que a minha barriga fez.

- Tu tá com fome? - Neguei com a cabeça, claramente sendo irônica.

- O que te parece? - Perguntei irritada. - O que cê fez comigo? Por que eu tô deitada aqui? - Me levantei.

- Ih, nem viaja. Tu caiu toda mole aí e eu só te coloquei deitada. - Respondeu sem olhar pra mim, por estar digitando algo em um celular.

- Ata. E quanto às outras perguntas que eu fiz? Tu não vai responder?

- Não. Tô com cara de professor pra tá esclarecendo suas dúvidas? - Falou sério e a porta foi aberta, revelando os policiais que me trouxeram. - Podem levar.

- Bora. - Um dos policiais falou e quando eu ia passar pelo presidiário ele pegou no meu braço, fazendo eu parar de andar.

Ele pegou um lenço no bolso do macacão que vestia e me virou de frente pra ele antes de colocar minhas tranças pra trás e me vendar.

Sua mão desceu da minha cabeça pra curva das minhas costas e foi me guiando até a porta, onde os policiais me auxiliaram a caminhar até o carro e me deixaram perto da barreira do Lins.

Tirei o lenço e enfiei na minha bolsa antes de subir a ladeira e ir pra casa.

Jota: Se divertiu hoje? - Sua voz surgiu algures no escuro e eu saltei no mesmo lugar.

- Que susto. - Acendi a luz e ele me encarou com a cara super fechada. - Que foi?

Jota: QUE FOI? - Gritou antes de jogar o celular dele na minha direção.

Peguei e virei a tela, vendo a foto que o presidiário mandou pelo meu próprio número.

- Não é o que pare...

Jota: Não lembrava de ter uma qualquer como namorada. - Me interrompeu. - Nunca imaginei que tu fosse fazer isso.

- Uma qualquer? - Forcei uma risada. - Você tá sendo injusto pra caralho. Essa qualquer aqui. - Bati no meu peito. - FOI SEQUESTRADA POR CAUSA DE VOCÊ, O ALECRIM DOURADO! - Funguei com a visão embaçada. - Eu fui sequestrada e você tá pensando merda.

Jota: O que tu queria que eu pensasse ao ver uma coisa dessas?

- QUE A SUA NAMORADA JAMAIS FARIA ISSO POR LIVRE E ESPONTÂNEA VONTADE, DROGA! - Gritei a plenos pulmões.

Jota: Desculpa meu amor, me perdoa, você tá bem? Aquele desgraçado fez alguma coisa contigo? - Perguntou antes de se aproximar e me abraçar.

- Não, acho que ele só queria te provocar. - Falei antes de me afastar dele. - Coisa que ele claramente consegiu. Até quando cê vai ficar desconfiando de mim sem motivo? Tá saturando já.

Jota: Pô, foi mal, geral na rua fica falando que tu não deve ser fiel e pá, fico encucado, não faço na maldade.

- Até quando cê vai dar ouvido pro que as pessoas falam? Eu não sei por que tu toma tanto a palavra dos outros como certa sendo que vivem falando que tu me trai à beça e mesmo assim eu prefiro confiar em você.

Jota: E tu tá certa, pô, vacilei mas vou parar de dar ouvido pros outro também, foi mal mesmo. - Fez menção de tocar em meu rosto.

- Foi péssimo! - Respondi desviando de seu toque e ele bufou.

Jota: Já vai começar com a tempestade em copo d'água? - Olhei pra ele indignada e fui pro banheiro, escutando os passos dele atrás de mim. - Tô falando contigo, caralho. - Puxou meu braço e eu soltei, continuando a ignorar ele. - Vou meter o pé já que tu quer ficar nessas.

- Vai pra onde uma hora dessas, Jota?

Jota: Trampar, pode? - Debochou e eu dei de ombros.

Assim que ele saiu eu tomei um banho gelado e vesti só uma calcinha antes de me jogar na cama.

Peguei meu celular e entrei no whats antes de desbloquear o número do presidiário e chamar ele pra agradecer.

📨

Valeu.

Por?

Por não ter feito nada de mal comigo.
Apesar da sua desavença com o Jota.

Meu problema é com ele, não contigo.
Vai comer, se tu desmaiar de novo não vai ter eu pra te carregar.

Hahaha, engraçadinho.

📨

Ele só visualizou e não falou mais nada, coloquei meu celular pra carregar e caí morta na cama.

Inolvidável - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora