Atacante.
- Café da manhã! - A voz de um policial surgiu do outro lado da porta antes da mesma ser aberta.
Continuei deitado, vendo ele entrar na minha cela antes de deixar uma bandeja sobre o espaço vazio na minha cama.
- Conseguiu o bagulho que eu pedi? - Perguntei me sentando e ele assentiu antes levar sua mão pro bolso da calça que vestia e tirar de lá o celular que eu pedi pra ele carregar quando ficou sem bateria.
- Vigia aí com esse celular, não sei se vai ser eu quem vai vir buscar a bandeja. - Falou antes de sair e fechar a porta, acionando o alarme de segurança máxima em seguida.
Olhei pra bandeja, vendo um pão seco mais duro que pedra e uma garrafa de água. Bagulho não dá nem vontade de comer mas a larica sempre fala mais alto, mandei pra dentro em menos de sessenta segundos e sentei com o tronco encostado na parede em seguida.
Peguei o celular e liguei pra ver se tinha notícia lá da minha quebrada, quando vi que não tinha ligação e nem mensagem do Mota, meu braço direito, deixei de lado e olhei pra um ponto fixo no chão antes de começar a pensar em tudo e em nada ao mesmo tempo.
A porta da minha cela apitou, anunciando que iria ser aberta, e eu escondi o celular por trás do vaso antes da mesma ser aberta, revelando outro policial.
- Se tentar alguma coisa eu disparo. - Falou abrindo a porta devagar e eu levantei os braços em forma de redinção, foi só eu me mover que ele já destravou a arma. - Fica onde você tá!
- Só ia sentar, pode mais não? - Sorri de lado, vendo o pavor na expressão facial dele.
- Passa essa bandeja aí e cala a boca, vai. - Falou passando a mão na testa, onde haviam algumas gotas de suor.
Chutei a bandeja na direção dele com o pé e ele já foi fechando a porta, fazendo eu rir sozinho.
Acho engraçado o jeito que geral tem medo de mim pelo simples fato de eu estar em uma cela de alta segurança e sozinho, todo presidiário tá aqui porque é criminoso, a única coisa que me difere dos demais é uma atrocidade ou outra que eu devo ter cometido e ninguém mais cometeu.
Pai é original, pô.
Saí dos meus devaneios quando vi uma luz acender por trás do vaso e lembrei do celular, levantei da cama e fui pegar, voltando a me sentar na mesma depois de atender a ligação do Mota.
📞
Fala tu.
Tranquilidade, pai.
E aí?Pô, tem um b.o dos grande pra resolver.
Ih, qual foi?
Solta o verbo logo irmão.Cê tá ligado no armamento que tu mandou vir da Rússia?
Claro.
Pô, o camionista brotou aqui sem o caminhão e sem as armas.
Explica essa porra direito.
Isso mermo.
Ele falou que quando tava vindo brotou dois carrão na rota que ele tava pegando e desceu de lá uns cara que ameaçaram matar ele caso ele não saísse do caminhão e deixasse eles vazar.Puta que pariu, aquela porra custou mais de dois milhões de reais, Mota. Fala pra esse filho da puta que se ele não for útil eu mando passar só pela burrice do cagão. Esse bagulho parece premeditado, nós usa essa rota há mó cota e nunca aconteceu esse caralho antes, coisa de X9.
Ih, tu acha?
Vou ver isso daí assim que nós encerrar a ligação, o camionista vai fazer um retrato falado.Tenho certeza, pô. Mas o caminhão tem localizador, cês não consegiu achar onde tá ainda?
Nós consegiu, pô.
Tá no Complexo do Lins.Tá me tirando?
Covardia, bandido que rouba bandido só tem um destino, a morte, quero o número do filho da puta do de frente de lá pra ontem.Nós tentou arrumar, e até conseguiu.
O problema é que o desgraçado é bem do esperto. Ele se livrou do número, tentei ligar mas só dava inexistente.Não seja por isso.
Ele não tem ninguém próximo a ele?Os pais moram na Europa, são os únicos familiares com quem ele se importa mas não vai adiantar porque estão longe.
Porra, Mota, pensa!
Nós precisa achar um jeito de se comunicar com o cuzão.Só se eu arrumar o número da...
De quem?
Da namorada dele.
Mas nós não devia envolver ela, irmão, mulher e família é sagra...Manda o número dela, Mota.
Ele não pensou nisso quando atravessou a merda do meu caminho.Falei só isso e desliguei sem nem esperar a resposta dele.
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Inolvidável - Livro 1.
Romansa+16| Inolvidável: Que não se pode olvidar; impossível de se esquecer; que fica na lembrança; inesquecível. - O que eu e você tivemos foi inolvidável, aceite. Quanto mais você negar, mais esse sentimento vai se apossar de você. "Quando um não aguenta...