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Passo a mão na cabeça tentando me acalmar e pego a minha garrafinha de água dando um gole antes de pegar meu celular e entrar no whats só pra ver o Zaion online sendo que tava "trampando."

Queria falar pra ele sobre essa situação mas quer saber? Dane-se, tenho meu orgulho sim e acho nada a ver o gelo que ele tá me dando pelo fato de eu não ter atendido as expectativas dele.

Expectativa essa que eu bem avisei pra ele não criar.

Saio do app verdinho bloqueando a tela e quando decido focar no projeto a cliente me liga falando que tá na porta já, saio da minha sala indo abrir e na volta logo que a gente senta já começa a rever cada mínimo detalhe dos cômodos da casa.

- Esse aqui tu não acha que ficaria melhor num tom mais bege? - Ela aponta pra imagem do painel da sala com a unha postiça.

- Nossa, sim! - Assinto. - Esse tom vai casar legal com o tom das almofadas e da própria madeira do rack né?

E basicamente esse foi o resto do meu dia, atendi três clientes tendo finalizado o projeto de uma delas e dado início a um novo.

- Oi tia, vou sair do escritório agora. - Olho pra janela vendo a noite começar a cair. - Quer carona não? - Pergunto antes de enviar o áudio, na mesma hora já chega um áudio dela me xingando de todas as formas possíveis.

Maria: Ô tua filha da puta do caralho, eu sou a mãe nessa porra e tu a filha nesse caralho então não tenta inverter a merda dos papéis. Vai chupar as bolas do Atacante e me deixa em paz que eu sei o caminho de casa, garota. - Dou risada dando replay no áudio porque tá muito bom de escutar.

Pego minha mochila e minha bolsa junto do molho de chaves trancando tudo antes de sair embarcando no meu carro rumo à entrada do morro, assim que atravesso a barreira meu celular vibra com a chegada de uma mensagem do Zaion.

Atacante: Pô minha minion, tu sabe que eu sou o erro em pessoa mermo né? Mandei mal pra caralho hoje contigo e eu tô ligado mas tirei esse tempo pra pensar nas parada e me acalmar, perdoa eu. Mais tarde passo aí pra nós trocar uma ideia e se comer na máxima paz igual só nós dois faz.

Nego com a cabeça rindo da cara de pau que esse homem tem, vê se pode, chegar todo mansinho assim... Foda que nem me forço mais a resistir, sorrio pra mim mesma ao reler "se comer na máxima paz igual só nós dois faz ", e paro o carro na frente de casa descendo com minhas coisas.

Depois de fechar a porta vou logo pro banheiro tomar um banho relaxante e vestir uma roupa levinha, saindo de lá conecto meu celular na jbl botando uma playlist pra tocar e corro pra cozinha começando a preparar uma janta pra mim e pro Zaion.

Quando eu tô ralando a cenoura me dá uma tontura seguida de um arrepio tão forte que eu solto tudo pra me segurar no balcão e evitar que meu corpo vá de encontro com chão.

- Quê isso, meu Deus. - Abro a torneira molhando a mão antes de passar no rosto escutando uma bateção no meu portão. - Quem é? - Grito saindo pro quintal.

- V10, entregador da comunidade! - Fala alto e eu abro mesmo não tendo feito encomenda nenhuma. - Oi, boa noite. - Respondo com um aceno de cabeça. - Tu que é a Kaira?

- Eu mesma, por quê? - Encaro o cara com uma caixa de presente de tamanho médio na mão, que por sinal deve tá pesada pois ele segura firme com as duas mãos.

- Então é pra tu merma que eu tenho que entregar. - Estende a caixa na minha direção e eu pego, com as sobrancelhas franzidas, quase caindo pro lado com o peso que tá antes de segurar firme.

- Oxi, mas eu nem pedi nada. - Deixo a caixa no quintal. - Sabe quem mandou?

- O cara que trouxe disse que foi a mando de alguém e que esse alguém fez o favor de escrever um cartão pra não te deixar no escuro, um bagulho assim. - Fala dando de ombros e eu assinto vendo ele montar na moto e meter o pé.

- Que merda de dia, hein. - Abaixo do lado da caixa observando e assim que meu olhar paira sob o cartão eu pego lendo.

"Com muito carinho do seu Jotinha, minha nega. Uma pequena lembrancinha pra tu guardar na memória e pensar duas vezes antes de me desobedecer."

Atacante: Quê isso? - A voz dele me faz derrubar o cartão no susto e suspirar olhando pra ele que sobe na calçada se aproximando do meu portão.

- Aparentemente presente do doente do Jota. - Ergo a cabeça na direção dele que abaixa e me dá um selinho antes de beijar minha testa olhando tão interessado quanto eu.

Desfaço o nó do laço no topo fazendo a fita vermelha de cetim cair no chão. Um cheiro estranho invade minhas narinas quando repouso minhas mãos sobre a tampa da caixa.

Lentamente eu vou erguendo a tampa e assim que meus olho paira sobre o conteúdo nela um grito pra lá de agudo deixa minha garganta ao mesmo tempo que minha visão fica embaçada e eu me jogo pra trás, pra longe daquilo, negando com a cabeça sem querer acreditar no que acabei de ver.

- Isso e-é a cab-beça d-da... - Meus lábios começam a tremer à medida que meus dentes batem e meu ritmo cardíaco acelera perigosamente.

Atacante: ...Tia Maria. - Completa com o olho arregalado e eu grito mais alto sentindo minha garganta arranhar.

-
É isso, beijos da Anitta!!
Vou dormir e deixar o caos instalado mesmo.

Inolvidável - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora