Maratona
{2/4}Mais de uma hora de confronto já havia se passado, já até perdi a conta de quantos cana matei.
Subi correndo pro alto do morro e saltei pra laje de uma casa antes de saltar pra da boca, foi só eu pisar meus pés ali que senti um bagulho gelado fazendo pressão na lateral da minha cabeça.
- Tava te esperando. - Escutei um voz desconhecida. - De joelhos. - Ordenou e eu continuei como estava. - De joelhos, agora! - Destravou a arma e eu ajoelhei antes de olhar pra cima, vendo um cana que eu nunca antes tinha visto.
- Quem é tu? - Perguntei puxando a quadrada discretamente. - Quer o quê na minha quebrada? Pacificar?
- Também, mas isso pode ficar pra outra ocasião. Hoje a prioridade é outra. - Respondeu e eu tateei a glock com uma só mão, sem parar de encarar o cana, quando minha mão achou o gatilho eu passei o dedo, pra ter certeza de que era, e depois de confirmar apontei pra sua perna sem que ele notasse e disparei.
Uma única vez foi o suficiente para fazer ele se afastar de mim e se segurar no muro enquanto grita de dor.
Me levantei e quando ele disparou na minha direção eu desviei e chutei a mão que segurava a arma, fazendo a mesma cair lá embaixo e ele ajoelhar na minha frente implorando por misericórdia.
Gargalhei. Irônico demais ele implorar por algo que desconhece.
- Já pode me falar o que tá fazendo aqui? - Abaixei na sua altura, ficando cara a cara com ele.
- Eu juro que se você me deixar sair vivo daqui eu trabalho pra você. - Falou com a voz embargada. - Eu tenho família, eu não...
- Não foi isso que eu perguntei. - Juntei as mãos, apoiando cada cotovelo em uma perna minha, e meu queixo em minhas mãos juntas em seguida.
- Vim a mando de alguém.
- E valeu a pena? - Inclinei a cabeça pro lado, sorrindo ao ver uma lágrima sair pelo seu olho.
- N-Não... - O cortei com meu dedo apontando na cara dele.
- Sabe de uma coisa? - Apertei os olhos. - Notei que você fala demais, já te falaram isso antes? - Ele ficou calado. - Em? - Soquei o olho dele. - Responde quando eu falo contigo, caralho. - Soquei de novo, fazendo ele cair pra trás.
- Nunca. - Respondeu, fazendo eu negar com a cabeça.
- Porra, eu já não falei que tu fala muito? - Bufei. - Significa que eu não quero mais escutar a tua voz. - Levantei, vendo ele arregalar os olhos.
- Mas você mandou eu responder.
- Pois é, mas depois me arrependi. - Dei de ombros antes de puxar ele pela gola da farda e mandar ele abrir a boca antes de colocar o cano da glock ali e disparar.
Meu radinho tocou, enquanto eu limpava o sangue que saltou em mim, e eu atendi. Era os cria falando que já não tinha policial nenhum vivo, confirmei e depois escutei barulhos de fogos sendo soltos.
Quando eu ia descer escutei um barulho vindo da farda do cana que eu acabei de matar e mexi em tudo que era bolso até achar um celular e ver o nome Guedes brilhando na tela, não sei o que deu em mim, mas atendi.
- E aí, matou ele? - Sorri ao reconhecer a voz daquele policial miserável que não me deixava em paz lá na tranca.
- Matei, pô. Fala demais, mermão, ouvido chega doeu. - Respondi descendo da laje.
- T-Tu tá vivo? - Perguntou, deixando evidente o nervosismo na voz.
- Isso ou eu tô trocando ideia contigo do além. - Respondi olhando o caminhão de recolha de corpos e limpa das ruas passando e dando uma geral em tudo.
- Puta que pariu, merda de incompetência.
- Queria melhor? Devia ter botado a mão na massa, pô, cagão do caralho. Mandou os coleguinha pra uma missão suicida, que coisa feia, Guedes. - Ironizei. - Pela próxima eu espero que você se faça presente, passar bem.
Joguei o celular no chão e disparei cinco vezes antes de ir encontrar os cria no lugar que nós sempre comemora depois das vitórias, bar do seu Olavo.
- Quantos mortos? - Puxei uma cadeira pra sentar.
Ninho: Dez nossos e trinta deles. - O cria que cuida das famílias dos manos que morrem falou.
- Beleza, é pra entregar cinco cestas básicas e ainda seis mil conto pra cada família.
Ninho: Jaé, chefe.
- E tu? - Dei um tapa no ombro do Mota e ele fechou a cara. - Ih, tá de mal comigo?
Mota: Cala a boca, caralho, e nem fala comigo.
- Porra, o que eu fiz dessa vez?
Mota: Enquanto a Melissa não me perdoar eu não vou te perdoar também.
- Ih, mas tu já foi atrás dela?
Mota: Graças a você naquela favela nós não pode pisar, então nem rola ir pro barraco dela, e novamente graças a você ela não me responde.
Passou uma mina mó gostosa dando a maior moral pro Mota e ele nada, é soldado abatido mermo, chá da irmã da baixinha foi fortão.
Peguei meu celular no bolso da bermuda e fui ver nas minhas conversas antigas com o Mota o endereço do lugar onde a Kaira trampa.
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Inolvidável - Livro 1.
Romance+16| Inolvidável: Que não se pode olvidar; impossível de se esquecer; que fica na lembrança; inesquecível. - O que eu e você tivemos foi inolvidável, aceite. Quanto mais você negar, mais esse sentimento vai se apossar de você. "Quando um não aguenta...