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Atacante.

Domingou com cheirinho de vou pegar meu armamento de volta, e a cabeça do cuzão que pegou de brinde.

- Acionou a tua tropa pra ficar esperta? - Pergunto jogando a chave do tal depósito de uma mão pra outra e Bil assente.

Krawk: Patrão. - Olho pra ele. - Caminhão já tá pronto.

- Jaé, vou só repassar a rota com o mano aqui e depois nóis mete o pé. - Ele assente se afastando e eu volto a encarar o Bil. - Vamo entrar por essa rota aqui do matagal, na miudinha. - Aponto pro mapa que ele mesmo trouxe aberto na mesa. - Aqui dá pro depósito direto e evita uma guerra desnecessária.

Bil: E quis acionar a tropa pra quê?

- Melhor prevenir do que remediar, truta, acorda. - Nego com a cabeça lembrando que ele disse que só tá fechando comigo porque quer o comando do Lins quando eu pegar o Jota. - Burro desse jeito tu não vai longe não, pô, tem que pensar amplo.

Bil: Ata, tá fugindo de confronto igual gato foge de água e quer me dar liçãozinha sobre ter mente ampla?

- Tá vendo como tu é impercebente? - Me estresso segurando a vontade de descarregar todo pente do meu fuzil nele. - Meu problema é com o Jota, não tem por que eu fazer a porra de uma chacina sendo que a treta é só dele. - Falo sério. - Não tem por que tirar pai de filho ou filho de pai por um bagulho que o filho da puta do cara que devia levar paz pra favela fez. - Gesticulo. - Disposição pra enfrentar o pau no cu do teu patrão eu tenho de sobra mermo, mas nenhum morador de lá merece morrer ou pagar por um caô que ele caçou sozinho.

Bil: Então, esqueci de falar um pormenor. - Limpa a garganta. - Jota viajou na sexta feira de noite, não sei se tu vai achar ele lá.

Cruzo os braços me escorando no muro. - Como eu já disse, disposição pra bater de frente com ele eu tenho de sobra. - Falo calmo. - Espero por ele o tempo que for necessário.

Bil: Beleza então, pô. - Assente apontando pro relógio marcando quatro da manhã.

- Vamo nessa. - Arrumo a bandoleira do fuzil no ombro e a glock no coldre saindo com ele atrás de mim, vendo o Mota chegar junto.

Subo no banco da frente sentando do lado do Mota, que fica entre eu e Krawk, e o Bil vai pro carro dele saindo na frente guiando a gente durante todo o trajeto.

Pra minha felicidade as ruas estavam praticamente desertas, por ser uma madrugada de Domingo, e não tinha trânsito nenhum.

Menos de trinta minutos nós cruza a passagem do matagal vendo uns cinco soldados fortemente armados. Krawk para o caminhão por trás do carro do Bil, que desce indo falar com eles.

Bil: Patrão mandou fazer revisão do armamento. - Avisa e eles continuam sérios encarando ele sem esboçar reação nenhuma.

- Vou ligar pra confirmar. - Um deles fala sério pegando o celular no bolso da bermuda.

- Minha maneira é bem mais fácil. - Destravo o fuzil, abaixando o vidro, antes de mirar na cabeça do primeiro dos cinco e sair atirando em todos eles, vendo Bil abaixado, protegendo a própria cabeça.

Travo o fuzil respirando fundo e vejo o Bil se levantar cheio de sangue e caminhar a passos fundos até aqui.

Bil: Tá maluco, porra? - Passa a mão no rosto, tirando o excesso de sangue que espirrou nele. - Quase me matou lá junto.

- Sem tempo pra draminha. - Tiro a bandoleira do fuzil do ombro, deixando no chão antes de abrir a porta e descer pulando no chão. - Comigo não existe essa de quase, sou certeiro, se quisesse te matar você estaria morto. - Falo passando por ele e avisto mais na frente um depósito. - Vou lá inspecionar, quando for preciso eu chamo vocês.

Me aproximo devagar, vendo um cara armado na frente dos portões de lataria, e dou cinco batidas na lateral da cabeça dele com ajuda do cano da glock, fazendo o mesmo cair desacordado antes de pegar a chave no bolso da minha bermuda e enfiar no cadeado.

Tiro as correntes, abrindo os portões depois de mandar o Bil esconder o corpo do cara, e sorrio ao ver meu armamento ali completamente intacto.

O som de uma fungada me faz olhar em volta, em modo alerta, e começar a procurar de onde veio. Continuo caminhando até o fim do local e vejo uma mina encolhida no canto da sala com a cabeça baixa e toda amarrada.

Inolvidável - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora