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Atacante.
Contei vinte notas de cem e enrolei por cima da mesa secretária antes de prender com um elástico e deixar de lado.
Peguei outro punhado de notas e contei trinta, repetindo o mesmo processo depois de pegar o baseado que estava preso na ponta da minha orelha e acender com um isqueiro que tirei do bolso da minha bermuda.
Traguei, botando a fumaça pra dentro e joguei a cabeça pra trás, encarando o teto depois de apoiar as costas no encosto da cadeira de couro.
Soltei a fumaça no ar, passando a mão livre pelo meu peito desnudo, consequência do calor, e levantei ajeitando a cintura ignorante no quadril.
Prendi o baseado entre os lábios, dando outro trago, e saí da salinha, sentindo o sol bater no meu rosto e vendo os crias na máxima atividade.
Engoli a fumaça, soltando pelas narinas, e fiz joinha pros soldados que desciam a ladeira carregando mesas e cadeiras pra levar pra quadra lá embaixo onde ia rolar o pagode.
- E aí, homi? - Joguei o resto do baseado no chão e pisei, voltando a olhar pra frente e vendo o irmão do Mota passar de carro.
- Fala, trem. - Juntei o dedo indicador e o polegar, levando pra boca e assobiando enquanto via ele acenar antes de acelerar.
Peguei a chave da minha moto no bolso da bermuda e montei na mesma, já colocando a chave na ignição e tirando o tripé do chão com ajuda do meu pé antes de dar partida e descer o morro a milhão.
Parei na frente da quadra e desci da moto depois de abaixar o tripé.
Tava tudo no esquema já, uma pá de barraca sendo montada, tanto de comida quanto de bebida, as mesas e cadeiras sendo organizadas, o lugar onde os pagodeiros aqui da favela vão sentar e o camarote improvisado, que é sempre de lei, não pode faltar, né?
Até porque água não se mistura com azeite.
Voltei pra boca e continuei trampando lá até o final da tardinha. Bastou o sol cessar e geral começar a se aglomerar lá na quadra que eu já trepei na minha moto e rumei pra barbearia, um dos cria deixou o meu cabelo na régua, daquele jeitão, paguei e depois rumei pra minha goma.
Tomei um banho demorado e me trajei naquele pique, todo trabalhado na adidas: um conjunto de agasalho preto e um tênis da mesma marca e cor.
Espirrei o malbec no pescoço e coloquei um brinco de ouro na orelha direita depois de pegar uma corrente com a inicial do meu vulgo e jogar no pescoço.
Finalizei espalhando alguns anéis, também de ouro, nas duas mãos, coloquei a quadrada por trás do quadril e cobri com a jaqueta antes de montar na minha moto e cortar caminho rumo à quadra.
O bagulho já tinha uma pá de gente, os pagodeiros já estavam presentes e já estavam se instalando pra começar a cantar.
Tirei a chave da ignição da moto e fui me aproximando da quadra, geral já foi dando espaço pra eu passar, várias mina me olhando com cara de quem quer me dar.
Uma delas até passou encostando aquela raba enorme no meu pau, jogando pra mim na maior cara dura.
- Tô suave, pô. - Segurei no braço dela, a afastando, e continuei seguindo meu caminho rumo ao camarote, que já tinha alguns parceiros também.
Cumprimentei os manos com um toque e na vez do Mota ele fingiu que nem era com ele.
- Otário. - Dei um tapa na cabeça dele antes de puxar a cadeira livre do seu lado e sentar.
Mota: Tá me confundindo com tu.
- Porra, não lembrava que tu era dramático assim. - Fiz sinal pra garçonete vir e mandei ela trazer uma cerveja e espetinhos de churrasco com batata frita.
Mota: Não fode, na moral. - Continuou bebendo de cara fechada pra Deus e o mundo e eu me segurei pra não rir.
Desviei o olhar, pra ver se ajudava a conter a vontade de rir, e no meu campo de visão surgiu a Kaira e a Melissa.
- Ala. - Cutuquei o Mota com o ombro e ele resmungou antes de olhar e abrir mó sorrisão sem nem tentar fingir que tem postura. - Vai parar de me negar voz?
Mota: Vou pensar.
- Ah, qual é, irmão?
Mota: Tu não fez mais do que a tua obrigação, foi tu o causador de toda parada. O mais justo mermo é tu concertar.
- Chatão. - Revirei os olhos e ele acenou pros seguranças deixarem elas virem pra cá.
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Reparei que tem capítulo com mais de cem votos, ou seja, não estabeleci uma meta impossível de ser alcançada.
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Inolvidável - Livro 1.
Romance+16| Inolvidável: Que não se pode olvidar; impossível de se esquecer; que fica na lembrança; inesquecível. - O que eu e você tivemos foi inolvidável, aceite. Quanto mais você negar, mais esse sentimento vai se apossar de você. "Quando um não aguenta...