20.

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Kaira.

Acordei sentindo altos raios solares batendo no meu rosto e espirrei quando a Melissa e mexeu, virando o rosto pro outro lado e fazendo a ponta do cabelo dela entrar na minha narina.

Me afastei, coçando o nariz com as costas da mão, e sentei na cama antes de pegar o meu celular e ver que daqui uns quarenta minutos vai dar uma da tarde.

Levantei da cama, tirando o meu carregador da tomada e deixei por cima da mesinha de cabeceira depois de calçar meus chinelos e caminhar até a cômoda que a Mel guardava todas as roupas que roubava de mim e da tia Maria.

Tirei de lá um short jeans de lavagem escura e uma blusinha curta de cor branca, peguei também uma toalha e minha roupa interior, que eu trouxe ontem, antes me picar pro banheiro e tomar um banho de água gelada.

Eu amo banho de água fria, nesse calor do rio eu acho doideira pagar por água quente.

Me vesti e passei meus produtos no banheiro mesmo, quando voltei pro quarto tava o celular da Mel tocando e ela encarando como se nem estivesse.

- Quem é? - Fiz um coque nas minhas tranças e ela suspirou.

Melissa: Mota. - Falou só isso antes de colocar o celular no modo silencioso.

- Vish, tá ignorando ele por quê? Achei que já tivessem se resolvido ontem.

Melissa: Ah, mas ele achou também. - Negou com a cabeça. - E os dois acharam errado. Eu gosto dele pra caralho, mas parei pra pensar... e se o ex presidiário lá quiser fazer algo contigo de novo? - Mordeu o lábio inferior em sinal de nervosismo. - Será que ele vai se opor por alguém que só fica há pouco mais de um mês? - Arqueou as sobrancelhas. - Eu não quero ter relação com alguém que possa ser conivente com alguém que pode te fazer mal quando der vontade.

- Mana, eu acho que se o ex presidiário quisesse fazer mal pra mim ele já teria feito, e outra, ele disse que o problema dele é com o Jota e não comigo...

Melissa: Isso foi antes ou depois dele te jogar contra a parede, literalmente, e te estrangular? - Riu debochada e eu bufei.

- Eu acho que tive é sorte, se fosse outro já teria descido a bala em mim. Afinal de contas ele não sabe que eu já não tenho nada com o outro lá e, seguindo a ótica dele de pensamento, não é todo dia que a mina do cara com quem tu tem desentendimento vai no teu território em missão de paz.

Melissa: Af, sim. - Coçou a testa. - Mas mesmo assim eu vou deixar o Mota correr atrás mais um pouquinho pra ele entender que onde tem mentira ou ocultação de fatos de extrema importância eu não encaixo.

- Beleza, vai logo se arrumar que daqui a pouco a tia tá aqui pra arrastar a gente pelos cabelos. - Falei lembrando que ontem combinamos de almoçar com ela hoje.

Melissa: Nem tô mais aqui! - Riu pegando a toalha dela e correu pro banheiro.

Sentei na frente da penteadeira da Mel e passei um pouco de hidratante na mão antes de esfregar no meu rosto e repetir o processo com o protetor solar.

Arrumei a cama depois de me levantar e foi o tempo da Mel aparecer com o corpo coberto pela toalha antes de começar a se vestir.

Saímos de casa assim que ela terminou de se arrumar e partimos pra casa da tia, que ficava mais pra baixo, na porta já dava pra sentir o cheiro do meu prato favorito, feijoada.

Maria: O que ela tem? - Perguntou baixo, só pra eu escutar, apontando o queixo na direção da Mel, que tava quieta sentada por cima do freezer e olhando pra um ponto fixo na parede daqui da cozinha.

- Como assim? - Perguntei mais baixo ainda, passando pra sala e terminando de levar as coisas que faltavam pra mesa.

Maria: Tá pensativa demais.

- Ih, depois tu vê isso com ela. - Respondi abrindo a geladeira depois de voltar pra cozinha. - Não acho refri nenhum aqui.

Maria: Tô fazendo dieta, não quero ver aquilo nem pintado de ouro.

- Ah, para, né? Gostosa desse jeito, dieta pra quê? - Neguei com a cabeça.

Não é meme, tia Maria tem um corpo impecável, quadril largão, raba enorme, peitão, cintura nem tão fina e nem tão larga. Às vezes eu até esqueço que ela tem quarenta e quatro anos.

Não consigo comer feijoada sem um refri, dei um pulo rápido no mercado que fica na rua de trás e quando voltei sentamos juntas pra comer.

Inolvidável - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora