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Kaira.

Mais um dia de trampo finalizado com sucesso, onze horas da noite e eu tô passando pela barreira do Alemão.

- Boa noite. - Cumprimento os caras na contenção.

- Boa. - Alguns respondem e outros só me encaram permanecendo na eterna pose de inabalável.

Passo por eles assim que dão passagem e arrumo a alça da mochila do notebook enquanto subo, quando vou passar por uma rua vejo o preto do outro dia numa laje da boca daqui de baixo, olho pra cima e ele olha pra mim balançando a cabeça.

- Oi. - Sorrio colocando a mão na frente da testa pra ver se impede a luz amarela do poste de me cegar.

Hadad: E aí, tudo mec?

- Tudo e contigo?

Hadad: Mô paz. - Afirmo com a cabeça. - Passa insta nunca?

- Tu que nunca pediu. - Sorrio passando meu @ pra ele que me chama quando faço menção de ir embora.

Hadad: Pera aí. - Pede pegando o celular no bolso do moletom. - Confirmar aqui pra ter certeza de que essa parada é real.

- Por que não seria?

Hadad: Cês mina é ardilosa que só, passa bagulho errado de propósito. - Nega com a cabeça e eu dou risada por que errado ele não tá.

Eu já fiz isso muitas vezes, não só com user do insta mas também com número de telefone ou ddd. Mas ele é uma gracinha, passei o real até porque outro dia a gente ia se esbarrar pela favela e aí não ia ter como fugir.

- Achou? - Ele faz joinha confirmando com a cabeça.

Hadad: Mandei salve já, valeu. - Aceno com a mão vendo uma sombra por trás dele.

- Tem alguém com você?

Hadad: Só o patrão que brotou agora mermo.

- Atacante? - Ele assente.

Atacante: Tá falando de mim pra quem nesse caral... - Para de falar assim que me vê, chegando no meu campo de visão.

- Oi. - Ele só acena com a cabeça, eu hein. - Tá bem?

Atacante: Ahram. - Fala antes de dar um tapa no peito do Hadad falando com ele. - Atividade nessa porra, tô metendo o pé.

Vejo e ouço ele falar antes de sumir do meu campo de visão me deixando totalmente confusa sobre o que eu possa ter feito pra ele me tratar assim.

Penso em mandar mensagem ou ir atrás mas quero que se foda também, bipolar do caralho.

Subo a ladeira tranquilamente e já na frente de casa tiro as chaves da bolsa e abro indo entrando, acendo a luz da sala depois de passar pelo quintal e vou pro meu quarto me preparar pro meu banho após largar todas as minhas coisas.

Já tem uns dias que o Atacante tá assim comigo, frio e ignorante. Notei quando nós fomos sentar pra discutir o projeto da casa dele, mas graças ao bom Deus já tô quase terminando e se pá até depois de amanhã tá finalizado e eu entrego o pendrive pra ele, podendo finalmente fingir que ele não existe igual ele tá fazendo comigo.

Me dispo seguindo pro banheiro com a toalha no ombro e depois de escovar os dentes tomo um banho gelado, ao sair do banheiro visto só uma calcinha e pego a embalagem do lanche que comi antes de voltar pra casa indo pra cozinha jogar fora.

Coloco meus óculos de grau no rosto e sento no meu sofá com o notebook e celular em mãos, desbloqueio o celular indo na dm do insta e respondo o Hadad antes de ligar o notebook e abrir o projeto da casa do Atacante.

Não é porque eu tô fazendo e trabalhando nele como se a minha vida dependesse disso mas... Tá ficando muito foda, digno dos 1.850 reais que ele me pagou.

Quando dá meia noite eu salvo o projeto com as mudanças que fiz e desligo o notebook deixando no sofá mesmo e indo pro quarto com meu celular em mãos, respondo a mensagem do Hadad no whats que a gente trocou na dm e nos status sobe o nome do Atacante no topo fazendo eu ver que ele postou algo.

Abro vendo uma foto dele todo trajado com o cabelo na régua e saio do app verde antes que eu caia na tentação e acabe mandando mensagem.

Inolvidável - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora