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Zaion manda um dos vapores na contenção ficar de olho e depois acelera descendo a ladeira, já na pista eu pego meu celular, pra avisar pra galera que a gente tá indo pro hospital, e quando solto o celular sinto e vejo um líquido transparente descer entre as minhas pernas.

- Amor. - Chamo ele com a voz embargada e os olhos já brilhando. Ele olha pra mim dividindo a atenção entre mim e a estrada. - Minha bolsa...

Atacante: Estourou. - Susurra olhando pra minhas coxas molhadas. - Puta que pariu. - Tira uma mão do volante e passa na cabeça. - Segura aí essa criança pelo amor. - Pede mais nervoso que eu antes de pisar fundo no acelerador. - Na moral mermo.

{...}

- AHHHH! - Grito entre lágrimas sentindo uma forte cãibra no colo do útero. - Eu não aguento mais. - Choro sentindo minha barriga endurecer mais que tudo e a obstetra checa minha dilatação.

Atacante: Tu é forte pra caralho, pô, aguenta sim. - Beija a lateral da minha cabeça me abraçando. - É pela nossa piveta, pô.

- É por ela. - Assinto repetindo e respiro fundo na pausa da contração.

A gente tá nessa tem quase uma hora já, minhas contrações vêm tido mais ocorrência num menor intervalo de tempo, e as durações são mais longas só pra não mencionar que a sensação é dez vezes mais esmagadora em cada uma.

Atacante: Vem minha princesa. - Encosta a testa na minha e passa a mão pelo meu barrigão. - Vem herdeirinha do tráfico. - Susurra a última parte na minha orelha só pra eu ouvir.

- FILHO DA PUTAA. - Grito pra ele na mesma hora que chega uma contração.

Ele sabe que eu odeio quando ele diz isso, minha filha não vai herdar essa vida não e ele insiste nessa merda.

Obstetra: Tô vendo a cabeça. - Avisa colocando as luvas. - Trabalho de parto vai começar. - Informa no fim da minha contração e me manda abrir as pernas.

Abro as pernas sentindo um medo fora do comum se apossar de mim e faço uma breve oração mentalmente pedindo a Deus pra trazer minha filha com saúde.

Obstetra: Empurra, Kaira. - Ordena depois de posicionar minhas pernas no apoio da cama hospitalar, uma de cada lado.

Inspiro mantendo a maior quantidade de ar que consigo dentro de mim e faço uma careta forçando a saída da neném, solto o ar abrindo a boca involuntariamente pela dor e o Zaion acaricia minhas costas.

Obstetra: Vamo de novo, tu consegue. - Sorri pra mim e uma enfermeira seca minha testa e meu pescoço pois eu começo a suar que nem uma condenada.

Firmo meus dedos no apoio da cama e aperto forte gritando ao mesmo tempo que uso toda minha força pra forçar a saída.

Obstetra: Cê tá indo muito bem, não desiste não. - Me incentiva quando eu choro sem força e o Zaion seca minhas lágrimas dizendo que me ama.

A gente repete o processo uma, duas, três, quatro, tantas vezes que a essa altura na minha cabeça o desespero tá dominando e eu só quero que essa dor acabe logo, nem que pra isso tenha que ser cesárea.

Obstetra: Tô vendo o cabelinho já, sua neném tá vindo Kaira. - Abro o olho ao ouvir ela dizer isso e o Atacante me solta indo ver.

Atacante: É cacheadinho, baixinha. - Fala sorrindo e aí parece que toda minha força é restaurada.

Respiro fundo segurando forte no apoio e grito com toda força que tenho, inúmeras gotas de suor escorrem de mim, minha garganta arde, meus olhos em minuto algum param de derramar lágrimas, e meu coração bate freneticamente quando eu sinto a neném deslizar pra minha entrada.

Obstetra: Tá vindo, vai.

Todos os músculos do meu corpo se contraem e as veias do meu pescoço chegam a ficar salientes do tanto que eu grito até sentir uma sensação de alívio e paz me inundar ao ver a cabeça e em seguida todo corpo da minha filha sair de dentro de mim.

Choro alto ao escutar ela chorar nos braços da obstetra e o Zaion me beija, ergo o olhar vendo seus olhos brilhando com lágrimas e quando a obstetra coloca minha filha sobre meus abraços um amor que eu nunca antes tinha sentido se apossa do meu ser.

- Oi filha. - Sorrio chorando antes de arrumar ela em meus braços e colocar o bico do meu peito em sua boca pequena.

A sensação que eu sinto quando ela suga meu leite, se alimentando, é uma coisa surreal de indescritível.

Atacante: Bem vinda, papai. - Sorri passando o dedo pelo cabelo dela com cuidado. - Tu é a coisa mais linda desse mundo, pô. - Beija a cabeça dela. - Vocês são. - Beija a minha também.

Quando ela acaba de mamar o Zaion segura ela e corta o cordão umbilical antes de entregar ela pra enfermeira.

Atacante: Eu te amo, tu é a mulher mais foda desse mundo todo. - Beija minha testa seguida da ponta do meu nariz e termina com um selinho.

- Eu te amo pra caralho, tu é o homem da minha vida. - Entrelaço nossos dedos e ele beija minha mão.

Atacante: Vou ver se eles tão cuidando direito da nossa pequena, vai ficar bem tu? - Assinto e ele me beija indo atrás da enfermeira que saiu com nossa filha nos braços.

Inolvidável - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora