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Atacante.
Trago meu baseado anotando o resultado dos cálculos no caderninho e me espreguiço na cadeira giratória sentindo a pele áspera da Orquídea raspar na minha enquanto ela desliza pelo meu pescoço descoberto por conta do calor.
Era pra ela tá fazendo digestão quietinha mas faz tanto tempo que não piso com ela na rua, minha filha tem que tomar ar puro.
Solto a fumaça acariciando a cabeça pequena dela com o dedo antes de beijar, ouço vozes lá fora e fico quieto tentando escutar.
- Teu trampo não é lá dentro? - Era a voz do frente da contenção dessa boca que eu tô.
Palmeira: É mermo. - Um dos caras que me ajuda a enrolar o dinheiro no elástico responde.
Passo a língua no canto da boca engolindo saliva e ajeito minha postura na cadeira sentindo a Quídea se enrolar no meu braço.
- Tá fazendo o quê aqui fora então?
Palmeira: Pô, patrão brotou com aquele negócio peçonhento. - Dou risada grave olhando pra Quídea. - Cobra em si já é aterrorizante aí preta não dá não.
- Vai trampar, homi. Patrão tá te esperando.
Palmeira: Não piso meus pés aí com aquilo lá, caralho.
Apago o beck na mesa de madeira raspando e jogo na lixeira pequena antes de bater as palmas da mão uma na outra sacudindo as cinzas antes de me levantar com a Orquídea voltando pro meu pescoço.
Deixo o lápis por cima do caderninho fechando e abro a porta de ferro sentindo o solzão bater com tudo no meu rosto, fazendo eu erguer o braço na frente do olho protegendo dos raios solares.
Eles me encaram e eu aponto com a cabeça pra dentro da salinha olhando pro Palmeira que me olha deixando nítido o pavor ao parar os olhos na Orquídea.
O frente da contenção se afasta ligeiramente quando ela ergue a cabeça fazendo barulho com a língua pra fora e eu passo o dedo pela parte de baixo da cabeça apoiando ela no meu dedo indicador.
- Ela não vai te fazer nada, bora me ajudar a montar os bolo de nota. - Olho pro Palmeira que fica mais branco que o normal.
Palmeira: Patrão ela tá me encarando, papo reto mermo eu vou cair du... - Para de falar e sai correndo quando ela ergue a cabeça encarando ele fixamente querendo dar o bote.
- Na moral, eu só vou levar ela pra base porque a gorda pesa. - Nego com a cabeça me afastando. - Máxima atenção.
- Sempre, chefia.
Encosto rápido na base pra deixar ela no terrário e quando volto a colar na boca vejo o Mota lá na frente falando com alguns cara na contenção.
- Fala tu, meu homi. - Dou um tapão no pescoço dele que de branco vai pra vermelho, ele me olha com a mão no lugar antes de dar o dedo.
Mota: Só não entro em uma contigo porque não posso demorar aqui, muito b.o pra resolver antes de dar duas da tarde.
- Tá passando o quê?
Mota: O de sempre, nóia achando que a vida é um morango e que a cobrança não vai vim pro lado deles. - Cospe no chão.
- Hm. - Murmuro cruzando os braços na altura do peito.
Mota: Tá disponível pra colar num lugar comigo às duas horas?
- Que lugar? - Franzo as sobrancelhas.
Mota: Base da dona lá, mãe da minha peituda.
- Nem. - Nego com a cabeça.
Mota: Qual foi, Atacante? Vai fazer uma desfeita dessas? Ela te chamou também.
- Com que propósito, mané? Tu tem caso com a filha dela então é compreensível, eu não tenho nada pra fazer lá.
Mota: Tem sim, porra. Tu é meu irmão, ela tem que conhecer a família do genro né. - Abre os braços.
- Chama teu irmão biológico, problema resolvido. - Ele bufa passando a mão no rosto.
Mota: Tranquilo. - Assente apontando o dedo no meu rosto. - Só não vem querer ser padrinho da minha cria ou do meu casório, tá ligado?
- Aí não, porra.
Mota: Papo foi dado.
- Tá bom, caralho. - Respiro fundo. - Eu vou com tu.
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Inolvidável - Livro 1.
Romance+16| Inolvidável: Que não se pode olvidar; impossível de se esquecer; que fica na lembrança; inesquecível. - O que eu e você tivemos foi inolvidável, aceite. Quanto mais você negar, mais esse sentimento vai se apossar de você. "Quando um não aguenta...