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Lá vai eu vagabunda sem moral postar de novo mesmo vocês não tendo batido a meta.

Kaira.

- Olha sinceramente eu não sei onde o senhor quer chegar com tudo isso. - Finjo demência.

Maurício: As ingênuas são as minhas favoritas. - Sorri exibindo os dentes brancos. - Se passar uma noite comigo eu esqueço o seu atraso e talvez suba seu cargo.

Arregalo o olho totalmente em choque sem crer que isso tá acontecendo comigo, achava que coisa desse tipo só ocorresse em novela.

- Acho que o senhor tá interpretando as coisas de forma errada, eu disse que me redimiria da maneira que pudesse contanto que fosse com o meu trabalho e não de outra forma. - Falo segurando as lágrimas de nojo que queriam descer.

Maurício: Não precisa se ofender, vocês já não estão acostumadas a ser tratadas assim? Porque olha... - Dá uma breve risada. - Só assim pra vocês vencerem na vida.

- Vocês quem? - Franzo as sobrancelhas.

Maurício: Vocês mulheres negr... - As palavras somem da sua boca quando eu levanto da cadeira mandando a minha ética pra puta que pariu e viro a mão no rosto dele com toda força que eu tenho.

Quando vou me afastar pra ir embora sinto sua mão em meu pulso, tento me soltar mas ele tem o triplo da minha força então é em vão, meus peitos batem na mesa secretária quando ele agarra meu outro pulso e impulsiona os dois pra baixo antes de se levantar e dar a volta na mesa vindo atrás de mim.

- Sai, me solta, não encosta em mim. - Falo alto sentindo um bolo na garganta quando ele encosta o pau na minha bunda fazendo eu sentir o volume enquanto aperta minha nuca pressionando meu rosto contra a mesa de vidro. - Eu vou gritar! - Aviso tentando me debater e segurando as lágrimas.

Maurício: Olha como você me deixou, sente o que você está fazendo comigo. - Encosta mais em mim se debruçando pra sussurrar na minha orelha e eu solto algumas lágrimas quando sua mão direita apalpa meus peitos.

- SOCORRO. - Grito sentindo minha garganta arranhar e a risada dele me aterroriza mais ainda.

Maurício: Grita o quanto quiser, essas paredes são a prova de som. - Sua língua percorre minha mandíbula e eu sinto uma vontade avassaladora de vomitar.

Em meio à visão embaçada por incontáveis lágrimas que derramo freneticamente eu avisto um vaso com flores sobre a mesa, sem pensar duas vezes eu pego ele e quebro em suas costas. Ele grita se afastando e eu me desvencilho de seu toque chutando o pau dele que grita mais ainda enquanto eu corro na direção da porta.

Não sei como ele me alcança mas novamente sua mão grande gruda no meu braço, eu pego um caco no chão quando ele se distrai com o sangue que escorre de seu ombro.

- Me solta. - Ordeno e ele só faz apertar mais o toque no meu braço que com certeza já tá vermelho. - Me solta ou eu rasgo suas veias agora mesmo! - Ordeno colocando o pedaço de vidro contra sua garganta e ele me solta levantando as mãos como quem se rende.

Maurício: Vai embora. - Fala com desdém. - Vai embora e nunca mais volta.

- Com prazer. - Retruco.

Maurício: E se você considerar contar isso pra alguém, lembre que será a palavra de um homem branco da classe alta contra a de uma macaca pobre e favelada, tá?

Abro a porta pra não dar o gosto dele me ver chorando e saio dali correndo pro elevador e ignorando o chamado da assistente do capeta. As portas do elevador se fecham e eu escorrego deslizando as costas pela parede caindo com a bunda no chão antes de soltar um grito sofrido.

Não sei o que mais dói, o fato de eu estar desempregada ou o fato das palavras que ele proferiu serem totalmente verdadeiras, onde um preto e um branco estiverem se desentendendo o benefício da dúvida sempre vai ser dado ao branco então por mais que eu quisesse ver ele pagando por isso eu vou fingir que esse episódio nunca aconteceu e seguir com a minha vida do jeito que dá.

Inolvidável - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora