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Doutora: Olha só, eu lamento muito pela sua mãe tá? - Fala pra Melissa que assente fungando baixinho. - E quanto a sua irmã... pode ficar descansada que ela tá bem.
O ar, que até então eu não tinha ideia que tava prendendo, finalmente sai pelas minhas narinas e o alívio que eu procurei sentir desde que cheguei aqui finalmente brota no meu peito.
Doutora: O ferimento dela não foi grave, a bala foi removida com sucesso, tava alojada numa zona fácil de achar um pouco abaixo da costela. - Explica calmamente. - A gente só demorou pra dar notícias porque estávamos fazendo uma bateria de exames pra ter certeza de que tava tudo certo com os dois e com certeza ela só ficou inconsciente pela adrenalina na hora.
- Os dois? - Franzo as sobrancelhas e ela assente.
Doutora: Isso, ela e o bebê. - Fala e geral fica em choque.
- Be... - Passo a mão na cabeça sentindo meu coração parar de bater. - Bebê? - Repito confuso e ela assente. - Ela tá grávida?
Doutora: De um mês e alguns dias. - Conclui. - E é uma criança bem forte, porque ela não tem se alimentado corretamente para uma gestante e ainda assim, milagrosamente, não sofreu um aborto espontâneo.
Caraca, um mês... Nossa cria foi feita na fuga de moto.
- CARALHO EU VOU SER PAI. - Grito com a mão na cabeça. - Eu vou ser pai... - Repito pra mim.
Mota: Tu vai, irmão. - Sorri me dando um breve abraço, Mel e o Bil fazem o mermo me parabenizando.
Doutora: Então, ela já pode receber visitas. Quem vai primeiro? - Olho pra Mel que nega com a cabeça.
Melissa: Eu posso esperar, vai encontrar sua mulher e sua cria. - Assinto seguindo a doutora e assim que ela me deixa sozinho eu paro na frente da cama olhando pra mãe da minha cria dormindo.
- Tu é linda pra caralho. - Beijo a cabeça dela. - Feio pra porra o que tu fez hoje, tá ligada? - Falo sem ligar pro fato dela tá dormindo mermo. - Sei que tu tá sofrendo e pá, mas isso não era solução não pô. - Umedeço os lábios e olho pra barriga dela antes de passar a mão alisando. - Fala tu papai, tá suave aí? - Pergunto encostando minha testa ali e dou um beijo sentindo a Kaira se mexer.
Kaira: Zaion? - Sua voz soa fraca.
- Eu mermo. - Ajeito a postura tirando a mão da barriga dela.
Kaira: Não! - Chora olhando em volta. - Era pra eu ter morrido, eu ia encontrar a tia. - Funga enterrando o rosto nas mãos juntas. - Era pra eu ter morrido...
- Não fala isso, minha baixinha. - Puxo ela pra mim abraçando forte e sinto suas lágrimas molharem meu peito. - Eu tô ligado que não vou conseguir acabar com a tua dor, coisa que eu queria pra caralho, mas tudo que eu conseguir tá fazendo pra amenizar eu vou.
Kaira: Eu só queria descansar em paz, tô tão cansada. - Me aperta mais contra ela. - Me perdoa.
- Eu perdôo se tu prometer que não vai fazer um bagulho como esse de novo. - Falo massageando o couro cabeludo dela e ela fica calada. - Promete, Kaira. - Peço e ela continua em silêncio. - Pelo nosso bebê, baixinha. - Falo e no mesmo momento ela me solta.
Kaira: Como assim? - Passa as costas da mão pelo rosto inchado me olhando séria.
- Tu tá prenha, minha pretinha. - Falo e ela arregala o olho. - Um mês já, pô. - Pela primeira vez desde que a tia se foi eu vejo ela abrir um sorriso sincero em meio às lágrimas.
Kaira: Eu vou ser mãe. - Chora sorrindo e eu assinto secando as lágrimas dela. - Meu Deus e se eu for péssima por não ter tido uma referência maternal até os dezoito an... - Corto a fala dela com um beijo de língua e ela sorri no meio dele me fazendo sorrir também.
- Tu não tem noção do quanto eu te amo, baixinha. - Beijo a ponta de seu nariz. - Tu vai ser a melhor mãe desse mundo porque tu teve as melhores mães desse mundo, uma deu a vida por tu e outra te acolheu mermo sem te conhecer. - Explico arrumando os cachos dela por trás da orelha. - Obrigado por esse presente, é o melhor que alguma vez eu poderia ter ganho.
Kaira: Eu te amo muito. - Sorri me dando um selinho. - Obrigada por me dar mais um motivo pra não desistir de tudo além do seu amor.
- Caralho, eu sabia que tu tava prenha. - Dou uma breve risada.
Kaira: Mas aí desceu pra mim, fica difícil pensar que é gravidez assim né. - Dá de ombros. - Já tinha escutado caso de gestantes que menstruaram no começo mas nunca pensei que fosse ser uma delas.
- Papo reto, agora tu vai ter que se alimentar direito e esses bagulho todo, tá ligada? - Ela assente. - Já vou até pedir comida pra tu. - Falo pressionando o botão de acionar enfermeiro.
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Inolvidável - Livro 1.
Romance+16| Inolvidável: Que não se pode olvidar; impossível de se esquecer; que fica na lembrança; inesquecível. - O que eu e você tivemos foi inolvidável, aceite. Quanto mais você negar, mais esse sentimento vai se apossar de você. "Quando um não aguenta...