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Kaira: Me fala sobre você. - Vem mais pra frente se arrumando no meu colo e eu aperto o pezinho dela fazendo ela rir sentindo cócega.
- Tem muito pra saber sobre mim não... - Falo calmo vendo seu coque afrouxar e em segundos suas tranças saem do coque caindo nas costas dela.
Kaira: Duvido. - Rebate enquanto eu enrolo a ponta de uma trança dela no meu dedo antes de responder.
- Pergunta o que tu quer saber que eu respondo. - Ela ergue os braços fazendo o coque novamente e meu olhar desce pra seus peitos querendo sair da blusinha de alça que ela usa.
Kaira: Me conta sua história, como tu acabou nessa vida. - Pede e seus lábios se juntam em um biquinho.
Aperto sua mandíbula e dou três selinhos respirando fundo.
- Seus pais nunca te falaram que a curiosidade matou o gato? - Ela fica séria de repente e seus olhos começam a brilhar antes dela abaixar a cabeça e balançar em negação.
Kaira: Nem pais pra isso eu tive. - Sua voz soa baixa e abafada e eu ergo seu rosto pelo queixo, mantendo contacto visual com ela que libera algumas lágrimas.
- Como assim? - Seco suas lágrimas com o dedão. - E a tia lá? - Aponto com o queixo na direção do porta retrato por cima do rack onde consta a foto dela com a Melissa e a dona Maria.
Kaira: Tia Maria não é minha mãe biológica, é só mãe que a vida me deu depois que eu atingi a maior idade. - Começa a explicar e eu presto atenção. - Cresci num orfanato. Minha mãe morreu no dia do meu parto e meu progenitor, patrão dela, não me quis porque não sou igual a ele.
- Igual a ele como? - Franzo as sobrancelhas.
Kaira: Branca.
- Filho da puta, pau no cu. - Nego com a cabeça. - Se eu me bato com ele eu queimo em nome do Djonga. - Falo e ela gargalha alto me fazendo rir junto.
Kaira: Djonga fazendo lei, daria um belo presidente. - Concordo abraçando mais a cintura dela. - Sua vez.
Nunca me abri pra falar sobre minhas feridas com ninguém, nem com o Mota, que eu considero irmão, eu conversei sobre. Tenho medo de me abrir pra ela e depois não ter mais volta, ficar vulnerável e continuar esse lance parece ter que me jogar do precipício ou seguir por uma estrada que pra frente é o único caminho, não dá pra voltar atrás mais.
Sua voz me chamando junto da sua mão acariciando minha nuca me traz de volta à realidade. Passo a língua no lábio, umedecendo, e engulo saliva fechando os olhos.
Kaira: Você tá bem? - Sinto sua boca macia entrar em contacto com o meu peito e abro o olho vendo ela dando um vejo ali antes de fixar o olhar no meu.
- O ódio me fez entrar nessa vida. - Começo desistindo de tentar lutar contra a vontade de me abrir finalmente com alguém. - A mulher que era suposto ser minha mãe permitiu que o namorado estuprasse a própria filha, minha irmã. - Ela arregala o olho que se enche de lágrima de novo e tapa a boca com a mão em choque. - Minha irmã morreu no caminho pro hospital e nisso os primeiros homicídios que eu tive nas costas foi o da minha progenitora e do namorado dela. - Respiro fundo sentindo o ódio que eu senti na época voltar. - Aquela velha desgraçada idolatrava e adorava homem igual crente faz com Deus, tá ligada? - Ela assente olhando pro teto pra conter as lágrimas e eu continuo. - Meu pai na altura era o frente daqui, eu vim morar com ele quando percebi que aquela velha não ia mudar e deixei minha irmã lá porque ela não quis vim junto crendo que a nossa progenitora ia mudar... - Nego com a cabeça sentido meu coração acelerar as batidas. - A culpa do bagulho foi toda minha, eu devia ter levado a Yara comigo. - Minha visão embaça e ela me abraça fazendo eu apoiar a testa em seu peito.
Kaira: Não fala isso. - Libero as lágrimas abraçando a cintura dela mais forte e sinto sua lágrima grossa cair na minha cabeça. - Os únicos culpados são aqueles que você matou, não se maltrata com essa crença toda errada. - Insiste acariciando meu braço. Sinto seus dedos contornando algo na minha pele, ergo a cabeça olhando pro lado dando de cara com a tatuagem do rosto da Yara por baixo do nome dela. - Ela era linda. - Sorri e seca minhas lágrimas com as costas das mãos pequenas dela.
- Ela era. - Sorrio concordando e ela me abraça. Aperto ela forte cheirando o pescoço dela. - Depois da parada toda só o crime mermo pra me ajudar a canalizar o ódio que comeu solto dentro de mim.
Kaira: Entendo. - Acaricia meu peito com a palma da mão e eu afasto as costas do encosto deitando a cabeça no braço do sofá e esticando os pés por cima do mesmo ainda com ela em cima de mim.
Ela se estica por cima de mim enfiando o rosto na curva do meu pescoço e eu pego uma almofada colocando atrás da minha cabeça curtindo a sensação de paz que se instalou depois que eu botei tudo pra fora.
Abraço a cinturinha dela que deposita um beijo no meu pescoço e logo sua respiração vai ficando tranquila, antes mesmo que eu pense em levantar pra ir embora o sono que venho acumulando faz dias me vence.
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Inolvidável - Livro 1.
Romance+16| Inolvidável: Que não se pode olvidar; impossível de se esquecer; que fica na lembrança; inesquecível. - O que eu e você tivemos foi inolvidável, aceite. Quanto mais você negar, mais esse sentimento vai se apossar de você. "Quando um não aguenta...