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Atacante.

Kaira: O que a gente tá fazendo aqui, Atacante? - Ouço a voz dela soando baixo nas minhas costas quando eu paro a moto do lado do banco que tem no jardim que fica de frente pro edifício que ela trampa ou trampava, sei lá.

- Nós veio dar um rolê só. - Abaixo o tripé da moto com o pé. - Fica sussa aí.

Kaira: Tua cara nem arde, rolê justo aqui? - Desço da moto ajudando ela que tira o capacete me entregando. - Não tô gostando nada disso.

- Tu não acha que ele tem que pagar pelo que te fez? - Puxo ela pra sentar perto de mim no banco depois de deixar o capacete pendurado no manete.

Kaira: Deixa quieto, o karma vai se encarregar de colocar os pingos nos "is".

- Ah, baixinha, qual é? - Forço uma risada que sai grossa. - Sério essa ideologia tua? - Ela suspira. - Eu vou levar a moto pra outro lugar e tu pensa direito na tua resposta pra me dar ela quando eu voltar.

Ela passa a mão nos cachos que voam e eu faço o que disse, levo a moto deixando na esquina que tem no final da rua antes de voltar e abaixar na frente dela pra poder olhar no olho mermo.

- E aí? - Balanço a cabeça.

Kaira: Já falei que o karma vai se encarregar disso, deixa quieto. - Bufa.

- Karma demora demais e eu sou a favor do agora, bagulho de imediatismo tá ligada?

Kaira: Atacante... - Continuo encarando ela. - Ele deve ter filhos, esposa, uma família cara. - Nega com a cabeça.

- Tu tem a sua também e ele cagou pra isso.

Kaira: Foda-se, o problema é meu então deixa eu lidar da maneira que bem entender. - Fala mais alto começando a ficar puta.

- Qual a porra do seu problema? - Grito passando a mão no rosto bolado. - O cara literalmente te assediou e tu tá nessas. - Forço uma risada pegando a minha glock e vejo ela arregalar o olho enquanto checo a munição.

Kaira: Pra que isso, Zaion? - Pergunta totalmente perplexa e eu puxo ela rapidamente quando vejo vultos se aproximando indo esconder a gente por trás de uma árvore.

Subo o capuz do meu moletom fazendo o mesmo com o dela que olha pra cima deixando notório o medo nos olhos dela.

Kaira: Você prometeu que não ia fazer nada. - Sua voz sai baixa no mesmo momento que meu olhar vai pra frente do edifício onde, pela descrição feita pela baixinha, reconheço o miserável que vai se arrepender de mexer com mina de bandido.

- Você tem razão. - Assinto. - Eu prometi e vou cumprir. - Informo pegando a peça sem tirar o olho do miserável que se dirige cá pra fora. - Não vou fazer nada, você vai. - Pego na mão pequena dela abrindo e coloco o cano sobre a palma.

Kaira: Meu Deus eu... - Ela nega passando a mão livre pela cabeça e a mão que pega a peça balança tremendo. - O que eu vou fazer com isso?

- Se vingar, pô. - Respondo vendo o cara mó engravatado sair e parar pra conversar com os seguranças que tão do nosso lado direito mais na frente.

Kaira: Tá doido? Eu não. - Faz menção de me devolver e eu afasto não pegando. - Pega essa droga, caralho. Mais tarde ou mais cedo ele vai colher o que plantou.

- Sou impaciente, como nós faz? - Suspendo as sobrancelhas a questionando com o olhar.

Kaira: Não sei não, Zaion... - Respira fundo com a mão tremendo e eu cubro sua mão com a minha tentando tranquilizar.

- Não precisa atirar pra matar não, só pra ele ficar ligado. - Falo abraçando ela por trás. - Pra ele sentir o desespero que tu sentiu. - Beijo a lateral da cabeça dela sentindo a juba bater no meu peito e ela sussurra um "não vai dar bom". - Lembra do que ele fez com você, baixinha. - Ela pega a peça com firmeza mirando na direção dele que continua distraído conversando. - Já pensou ele faz isso com outras meninas porque sabe que sempre vai sair iles... - Paro de falar ao escutar o disparo e vejo o seu dedo sobre o gatilho enquanto a bala sai disparada indo na direção do engravatado.

Papo reto, essa é minha baixinha.

- Caralho, mandou bem pra porra. - Sorrio grande abraçando ela pelo pescoço e olho pra frente vendo os seguranças socorrendo o cara que tá com furo de bala no braço direito. - Mira impecável pra quem nunca fez isso, tu atirou justo na ligação entre o braço e o antebraço, saiu pelo cotovelo, o que significa que ele vai ter que amputar essa merda.

Ela permanece calada e eu giro ela fazendo ficar de frente pra mim, ela tá com o olho arregalado e do nada as mãos começam a tremer derrubando a glock no chão enquanto uma lágrima escorre pelo seu rosto.

Inolvidável - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora