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Segundos depois meu pequeno acordou. Conversei com ele que estava um pouco manhoso, não tirei os olhos do meu filho apesar de sentir os de Vitória sobre mim, e conversando com o meu pequeno o tempo voou e logo a Doutora chegou, se chamava Andressa, era jovem, loira, muito bonita por sinal, e puxou um pouco do meu saco enquanto eu sorria sem graça e Vitória observava tudo calada.

— E esse meninão, como está?

— Você é bonita! Por que não me atendeu ontem ao invés do médico gordo? — disse fazendo eu e a doutora rir, mas logo o repreendi.

— Filho, não pode falar assim!

— Mas ela é linda!

— Obrigada, príncipe! Você também é lindo, vejo que teve a quem puxar. — olhou-me de canto de olho e eu abaixei a cabeça fingindo ajeitar o lençol daquela cama — Então, mãe, o Dr. já te receitou tudo, né? — enfim ela olhou pra Vitória que parecia entediada.

— Já.

— Vou só assinar a alta dele. Você o ajuda a se trocar? O banheiro é nessa porta ao seu lado mesmo, creio que já tenha o usado durante a noite. — Vi assentiu franzindo o cenho, Eduardo já estava sem o soro e o desci da cama para ir trocar a roupa no banheiro com a ajuda da mãe, apesar de eu não ver necessidade dele se trocar lá, afinal, era uma criança — Sua esposa? — perguntou assim que Vitória fechou a porta.

— Hã? Não! — ri.

— Você não se lembra mesmo de mim? — riu enquanto escrevia algo no papel de sua prancheta.

— Deveria? — cocei a nuca sem graça

— Tão lindo... Tão desligado... — negou — Hotel Gran Odara, Cuiabá. — riu — Aqui a alta do seu filho, e caso se lembre isso aqui é pra você também! — entregou-me um pedaço de papel com seu número junto com a alta do Eduardo saindo com um sorriso misterioso em seguida, olhei os papéis em minha mão ainda confuso. Antes de ontem joguei sim em Cuiabá, mas se quer me hospedei em algum hotel.

— Me da alta dele! — disse do meu lado me assustando ao tentar pegar o papel maior, se quer vi ou ouvi ela sair do banheiro, em um gesto automático tentei esconder o pedaço de papel com o número da moça, não queria que Vitória visse e pensasse besteira. — Pode afrouxar essa mão, não quero o número da sua doutorinha, só quero a alta do meu filho. — engoli em seco.

— Eu não quero esse papel! — o amassei jogando no lixo que tinha ali, ela não disse nada, continuou séria e pegou a alta da minha mão. Pegou sua bolsa e outra certamente com coisas do Eduardo, e pegando na mão do meu filho foi saindo na frente — Ou, espera! — disse ao ver que ela andava em passos rápidos.

Cruzamos com a doutora no corredor e tentei pegar na mão dela, mas para a minha surpresa Vitória não deixou fazendo-me olhá-la um tanto quanto desapontado.

...

Depois de passarmos na farmácia, na casa do meu sogro e na casa da mãe dela para pegarmos com sua avó a chave de sua chácara, finalmente estávamos à caminho daquele lugar onde passei tantos momentos da minha adolescência.

Eduardo dormia no banco de trás por conta da noite cansativa, e eu e Vitória íamos naquele silêncio constrangedor, o clima entre nós era pesado, enfim criei coragem de perguntar o que tanto me atormentava.

DESTINO | Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora