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Acordei com Lindalva me chamando.

— Tá se sentindo bem, querida? Você não é de dormir até essas horas. Vim te trazer o almoço. — disse tocando minha testa, provavelmente achando que eu estava com febre.

— Tô bem, só foi uma noite longa! — sorri de canto.

— Você e o Gabriel brigaram? Ele não tá com uma cara muito boa!

— Brigamos. — sorri sem graça — A senhora não vai pegar a canoa com eles hoje? — mudei de assunto indo escovar meus dentes.

— Ninguém vai. O tempo tá feio, acho que vai chover, tá dando uma ventania forte de vez em quando.

— E aqui não é perigoso? — perguntei preocupada.

— Não. — sorriu e eu sentei na cama, minha sogra gentilmente colocou a bandeja com a comida que trouxera no meu colo — Dudu que está gostando de tudo isso.

— Cadê ele?

— Tá com o pai. Só o Dudu pra arrancar um sorriso daquele lá hoje!

Sorri de canto sem me importar muito, almocei conversando com a minha sogra e logo saí do quarto. Estavam todos reunidos, os cumprimentei coletivamente e Eduardo que estava sentado ao lado de Gabriel me chamou com a mão. Contra minha vontade eu fui, e foi só me aproximar pra Gabriel se levantar e sair de perto. Fingi não ver e comecei a conversar com meu filho, até Matheus me olhar e vir até próximo a mim.

— Você e o Gabriel brigaram? Ele tá todo estranho, até comigo.

— Ele deu crise de ciúmes ontem, nada demais. — sorri de canto não querendo causar discórdia na amizade deles.

— De mim? — arregalou os olhos.

— Ele é meio possesso em ciúmes. — sorri de canto e ele olhou no rumo que Gabriel estava, também olhei e ele nos observava, mas logo desviou com uma cara não muito boa.

— Mas não precisa disso não, pô. Vou falar com ele.

— Não vai adiantar, deixa como está, uma hora ele vê que está errado.

...

O resto do dia se passou assim. Eu evitando ele e ele me evitando. Era eu chegar perto e ele saía, e o mesmo acontecia quando ele se aproximava. Apesar de não ter culpa no cartório como ele mesmo insinuou, para não deixá-lo mais irritado eu e Matheus mal conversamos no dia.

O clima entre eu e Gabriel estava pesado e acho que todo mundo notou isso, principalmente seu Valdemir que pareceu ter "pegado tudo no ar", até mesmo o motivo de nossa briga.

— Vitória. — chamou-me quando eu ajudava Fábio a cortar alguns tomates e cebolas — Meu pai tá chamando você e o Gabriel. Ele quer conversar a sós com vocês.

GABRIEL

Não sabia o que meu pai queria, mas ele não é bobo e com certeza assim como todos ali, também sacou que há algo entre eu e Vitória. Fui até ele que me chamou em um canto reservado, Vitória já estava com ele e parecia tão surpresa quanto eu.

— Sentem-se. — nos entreolhamos impacientes e nos sentamos, meu pai permaneceu de pé, sua postura rígida, e sempre quando ele me lançava aquele olhar eu podia saber que vinha uma dura daquelas — Não quero me intrometer na relação de vocês, mas vejo que há muito tempo vocês estão precisando que alguém converse com os dois! — nos mantivemos calados — Vocês já pararam pra observar o quanto brigam? Se passam uma semana juntos, metade delas é brigando!

— Pai...

— Não me interrompe! Vocês tem que parar com isso! Tem que lembrar que vocês dois tem um filho pequeno juntos e isso em hipótese alguma faz bem á ele, mesmo que sempre vocês façam as pazes. Você alguma vez quando tinha a idade do Eduardo me viu brigando com a sua mãe?

DESTINO | Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora