Minha mãe sabe exatamente o quanto Vitória era ciumenta em relação a Camila, por vezes anos atrás quando eu e Vi brigávamos por esse motivo, minha mãe sempre me chamava em particular e dizia que Vitória tinha razão.
E de repente ela está puta com a minha namorada, e justamente alguém que ela sabe que ela morre de ciúmes e que poderia fragilizar nossa relação ressurge por convite da minha mãe, mesmo que há tempos estejamos todos um pouco afastados.
Caramba. Minha mãe é uma cobrinha.
Agora entendo como Dhio foi tão malvada quando odiou Vitória. Vitória. Puta merda. Primeiro teve de lidar com a minha irmã querendo sua caveira. E agora a minha mãe.
Estava pronto para me levantar quando um braço pousou em minha barriga. Revirando os olhos me desvencilhei de Camila e com bastante esforço me levantei pegando minha muleta. Me sentia um idoso usando aquilo.
Sorrateiramente abri a porta do quarto fazendo o mínimo de barulho possível. Estava tudo escuro, e com a luz do celular fui tentando ser o mais silencioso - o que era difícil já que eu tinha que ser quase um saci pererê - rumo ao quarto que Vitória estava.
Não bati na porta, tinha que ser rápido. Me sentia uma garota adolescente com medo de os pais á pegarem com o namorado. Abri e porta e estava tudo escuro, exceto pela luz do seu celular ao qual ela mexia de costas a mim. Foi só eu dar o meu primeiro passo - ou pulo - para ela notar a minha presença ali.
— O que você ta fazendo aqui? — perguntou levando a luz do celular para a minha direção.
— Testando pra ver se ser o saci era tão legal assim. — revirei os olhos e sem querer deixei a muleta cair ao sentar na cama, o que fez um barulho alto.
— Desastrado! — falou se levantando rápido e trancando a porta.
— Trancando a porta é? — falei malicioso, mesmo ela estando com o pijama mais broxante do mundo cheio de corações e vacas.
— Se sua mãe te ver aqui vai falar que eu tô... — quando ela voltou pra cama falando sem parar, a calei com meu dedo indicador. Não adiantou muita coisa já que ela tirou minha mão da sua boca — Por que não preferiu ficar lá com sua prima? — disse com toda ironia possível.
— Ciúmes ainda? — perguntei descrente.
— Você não percebeu? Sua mãe fez de propósito! — disse irritada — Eu até entendo ela estar chateada comigo, mas isso foi jogo sujo. E também...
Á calei novamente, dessa vez com toda a minha mão sobre sua boca. Estávamos ambos sentados com as costas na cabiceira da cama. Somente a luz dos nossos celulares é que clareavam aquele cômodo.
— Eu percebi, e tô aqui. E tô pouco me importando também! A Camila é só...
— Só uma prima que você gosta muito e eu tenho que parar de ciúmes. — repetiu mesmo com a minha mão em sua boca o mesmo discurso que eu sempre lhe fazia anos atrás.
— Também. Mas não era só isso que eu ia falar. Ela é só uma prima e que não me importa se minha mãe a trouxe aqui por que sabia que ela se jogaria em cima de mim...
— Então você assume que ela se joga em cima de você? — interrompeu ainda com a boca tampada.
— Cala a boca e deixa eu falar. Eu não me importo se ela fizer ou não isso. Eu tô aqui, não tô? Me sentindo o saci pererê jogador, tampando essa sua boquinha inteligente e tentando te fazer entender que deveríamos estar nos pegando ao invés de ligando pra minha mãe ou pra Camila! Dá pra entender agora que eu quero você?
Vitória mordeu minha mão como resposta e eu por fim destampei sua boca.
— Devo ter jogado pedra na cruz! Quando sua irmã me aceitou, a sua mãe decide declarar guerra. — suspirou.
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DESTINO | Gabriel Barbosa
FanfictionClassificação +16 (pode conter gatilhos específicos) | Todos os direitos reservados. Anos separados, um segredo, mudança drástica para ambos e um sentimento forte demais para serem capazes de lidar com tão pouco tempo.