88

845 49 17
                                    

VITÓRIA

Meu corpo estava todo pesado, assim como meu sono, até uma carícia leve em minha barriga nua começar a me despertar. Gabriel me abraçava e passava os dedos com delicadeza em meu abdômen, mas não ousei abrir os olhos. Estava cansada demais pra isso.

— Amor. — ouvi ele chamar-me, mas com certeza era em seu sono. Ele sempre falava dormindo. Senti uma cafungada em meu pescoço e um beijo nele logo em seguida — Sei que tá acordada! — ri de leve, ainda com preguiça de abrir os olhos. Senti Gabriel levar a boca ao meu ouvido e beijá-lo — Casa comigo? — sussurrou tão carinhoso que me fez quase acreditar em seu pedido.

— Para de graça. — ri ainda de olhos fechados.

Gabriel afagou minha barriga e beijou meu pescoço de novo.

— Não tô fazendo graça. Casa comigo? — abri meus olhos e os senti arregalados. Olhei para ele e ele selou meus lábios — Casa? — pedia beijando-me.

— Endoidou?

— Não. Nunca estive tão certo na minha vida. — encarou-me sério — Sabe que não sou homem de brincar com isso. — engoli em seco. Gabriel olhava-me carinhoso, passando a ponta do dedo por cada parte do meu rosto. Sempre sonhei em casar com ele, sempre sonhei em ter uma família sólida com ele. Mas confesso que seu pedido me pegou de surpresa — Não quer casar comigo? — perguntou desenhando meus lábios com a ponta dos dedos — Esse pedido a gente só faz uma vez na vida... Já que vamos enfrentar a fúria de dona Lindalva e seu Lauro, que seja mais unidos que nunca. Pra não correr o risco de nenhum de nós se afastar diante de nenhuma dificuldade.

— Você tá falando sério? — virei-me por completo pra ele, que estava de lado, o braço curvado apoiando a cabeça na mão. O olhar tranquilo — Tem certeza de que quer isso?

— Eu não vou perguntar outra vez. — riu de leve segurando meu queixo, mas contradiz sua própria fala e se aproxima roçando nossos narizes carinhosamente — Casa comigo? — pediu baixinho, os lábios roçando nos meus enquanto eu sentia seu peito bater acelerado grudado comigo.

— Caso, caso mil vezes se quiser! — antes que eu começasse a chorar feito manteiga derretida ele me beijou. Beijou-me com uma alegria imensa, a mesma alegria que eu sentia em meu coração em saber que compartilharíamos a vida juntos — Não tá brincando comigo, né? — perguntei novamente quando nosso beijo se encerrou.

— Se perguntar isso de novo eu te taco pela janela! — disse brincalhão ao apertar minha bunda e morder meu queixo.

Dei uma crise de riso. Sim. Uma crise de riso sem motivo algum. Gabriel me encarou confuso mas logo começou a rir também. De repente senti que eu chorava em meio ao riso, e aquilo fez ele me olhar perdido.

— Gravidez! — expliquei rindo e enxugando minhas lágrimas, Gabriel riu e me apertou em um abraço antes de descer e ficar de frente com a minha barriga.

— Papai e a mamãe vão te dar uma família maravilhosa, princesa. Sorri com a cena, sorri com seu jeito carinhoso, com o beijo e o afago na minha barriga. Sorri ao perceber que aquele foi seu gesto mais maduro ao pensar em dar uma família direita aos filhos. Sorri ao perceber que dentre tantas que queriam ocupar o lugar de sua mulher, a escolhida havia sido eu. Não por ele. Mas por Deus, por nossos corações, pelo Destino que sempre tratava de nos deixar juntos — Eu quero que você volte pro Rio.

— O que? — perguntei murchando toda em decepção.

— Olha pra mim. Não é por nenhuma besteira que esteja passando nessa cabecinha. É pra você organizar tudo. O negócio que você tá abrindo e nosso casamento.

DESTINO | Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora