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Atendi com o coração na boca, mal tive tempo de dizer um “Oi.” e a voz de um Gabriel exaltado começou a ecoar.

Já foram comemorar? Vocês dois são dois ridículos, cínicos, sem vergonha! E se eu tivesse acreditado nessa merda toda? Estariam os dois rindo da minha cara agora, não é mesmo?! Meu Deus, como eu odeio vocês dois! Sua... Ah, quer saber? Vai vocês dois, aliás, três pro meio do inferno!

Gabriel encerrou a ligação sem nem me dar tempo de processar todas as coisas que me disse. Ainda assustada meu choro intenso voltou. O que eu fiz para merecer tudo isso da parte dele? O que ele tinha na cabeça pra me dizer tudo aquilo? Com certeza achou que pelo fato de eu e Henrique não estarmos mais na festa, estaríamos juntos agora.

Me sentindo um lixo me encolhi mais ainda na cama, sem forças para nada além de chorar. Deitada de lado abracei meus joelhos enquanto sentia centenas de lágrimas descerem por meu rosto.

...

Quase pulei de susto quando ouvi a porta do meu quarto se abrir abruptamente, o olhar vermelho de Gabriel se encontrou com o meu por alguns segundos, e logo feito um louco ele começou a andar pelo quarto. Sentei-me na cama com medo, engolindo o choro, ele parecia fora de si quando entrou no banheiro feito um furacão e voltou de lá segundos depois ofegante.

— CADÊ ELE? — gritou transtornado.

— Você ta louco? Ele quem? — encolhi-me mais, com medo da figura raivosa dele que tinha até os punhos fechados.

— Não se faz de santa, Vitória! Cadê seu amante? Vocês não estavam aqui comemorando o filhinho de vocês? Enquanto você tentava fazer a minha cabeça ele já veio na frente... — enquanto supunha outro absurdo ele se abaixou olhando embaixo da cama. Apesar de estar triste com ele, sua atitude me enfureceu.

— NÃO TEM NINGUÉM AQUI! — gritei enquanto ele fingia não me ouvir ao olhar atrás das grandes e pesadas cortinas do meu quarto — PARA DE LOUCURA! EU NÃO TENHO E NEM TIVE UM AMANTE! ACREDITA EM MIM E PARA COM ISSO! — gritei me levantando, tentando me aproximar, mas me detive. Seu olhar tinha ódio demais para me deixar chegar perto sem medo.

— EU SEI QUE ELE TÁ AQUI, PORRA! — saiu do quarto para adentrar os outros cômodos. Fui atrás dele, em prantos

— Acredita em mim, por favor! — pedi já em súplica quando ele  olhava todos os cantos do quarto do Eduardo.

— Pra onde ele foi? — virou-se para mim já soado, cabelo desgrenhado e rosto vermelho. Era nítido que ele havia chorado, como também era nítido um ódio sem igual no seu rosto.

— Ele nem teve aqui, Gabriel. — falei baixo, já sem forças para tentar o fazer acreditar em algo.

Outra vez ele fingiu não me ouvir e abriu o quarto de hóspedes. Em um suspiro me dei por vencida e desci as escadas. O deixaria em sua busca incessante em paz. Sentei no sofá e com a cabeça nos joelhos me permiti chorar quieta enquanto escutava seus xingamentos raivosos lá de cima.

Não demorou muito á Gabriel descer as escadas correndo. Não me dei o trabalho de olhá-lo. Estava me sentindo humilhada demais para isso, porém senti sua proximidade.

— Para de chorar, caralho! Até parece que a chifruda da história foi você! — riu irônico. Sua raiva era quase palpável — Me diz onde ele ta, Vitória! — levantei minha cabeça e vi ele passar a mão no rosto impaciente. Senti as lágrimas embaçarem a minha visão ao perceber como ele estava lindo todo de branco — Eu preciso ter uma conversa de homem pra homem com ele. Anda, me diz onde ele ta! — pediu autoritário.

— Eu... Eu não sei... — falei em um sussurro, exausta de toda sua desconfiança.

— Vai defender seu amante? Beleza, mas avisa pra ele que eu vou nem que seja no inferno procurar ele!

DESTINO | Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora