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GABRIEL

Saí da casa dela com a certeza de que de certa foma um pedaço meu havia ficado ali. Eu não queria deixá-la, mas sei que era o melhor. Sem mencionar a "briga" que envolve minhas fãs. Tenho consciência de que a respeito disso Vitória não me pede nada demais, porém o seu pedido é algo que eu não posso fazer. Não enquanto eu tiver medo de realizá-lo.

Seria melhor assim, separados.

Não nascemos pra ficar juntos nem sete anos atrás, nem agora! Mas que droga! Que merda você tá pensando? Ela é mulher que você ama e você deveria lutar por ela! Uma bagunça se passa dentro de mim. Já não sei se ouço minha consciência ou meu coração.

Quando me dei conta as lágrimas saíam compulsivamente dos meus olhos sem eu ter controle algum. O volante do meu carro era atacado por murros meus, e o acelerador castigado pelo peso do meu pé cobrando sua mais alta velocidade. Freei quase fazendo meu carro rodar depois de um baque. Eu havia passado por cima de algo que se quer vi. Estava com medo de descer do carro e me deparar com uma cena á qual eu não desejasse jamais ver, mas não tive outra escolha.

Quando desci do carro não sei qual foi o sentimento maior: a culpa ou o alívio. Eu havia atropelado um gatinho que pelo seu estado deveria estar morto. Patético ou não aquilo me fez chorar mais ainda. Havia matado meu namoro e agora um gato. Eu não nasci pras coisas darem certo. Eu já soluçava olhando aquele animalzinho. Me sentia um assassino e imaginei Pitter no lugar dele, o que fez eu me odiar mais ainda.

Depois de quase dez minutos chorando feito uma criança entrei no meu carro novamente indo pra minha casa. No meu carro ainda havia o perfume inebriante dela e aquilo me fez quase voltar em sua casa e dizer todos os motivos cabíveis para não desistirmos um do outro. Mas me faltou coragem. Meu bom senso gritou dizendo que seria melhor assim: cada um vivendo sua vida.

Ao chegar no meu quarto me encontrei com a solidão. Algo completamente diferente do que vivi a algumas horas atrás. Sem me conter fui até o quarto dos meus pais. Eduardo dormia no meio dos dois e segurando o choro eu o acordei. Fiz sinal pra ele fazer silêncio e o levei no colo até meu quarto onde deitei com ele em minha cama.

— Você tava chorando? — perguntou meio sonolento.

— Eu tô bem. Dorme. — fiz carinho em seu cabelo enquanto segurava o choro.

— Eu não consigo dormir quando alguém que eu gosto tá triste! Sempre que minha mãe chora eu fico acordado com ela até ela dormir! Ela as vezes desabafa comigo. Por que você não faz também? Prometo que não conto pra ninguém que te vi chorando!

Acabei rindo e fiz carinho em seu rosto. Apesar dele ser a minha cópia, se bem analisar ele tinha alguns traços da mãe. O jeito de olhar, aquela pureza e inocência tão bem conservados por ela. Sua educação, seu carinho... Ele foi a melhor coisa que me aconteceu na vida.

— A vida de gente grande é complicada, filho. A gente tem que saber a hora de agir com a razão e a hora de agir com o coração. E nem sempre quando agimos com a razão nosso coração fica feliz.

— Que tanto ão! — riu me arrancando um sorriso — Mas se o coração não fica feliz, por que você ainda faz assim?

— Porque quando a gente ama é assim. Temos que abrir mão da nossa felicidade pra ver outra pessoa feliz. — suspirei.

— Não dá pros dois serem felizes juntos?

Fiquei calado um certo tempo. Mesmo Eduardo não fazendo ideia do assunto ao qual eu me referia, parecia que ele sentia minhas dores e sempre tinha as palavras que me faziam repensar na ponta da língua .

DESTINO | Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora