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VITÓRIA

Havia me esquecido do quanto o Rio poderia ser perigoso. Optei á ir as praias públicas por insistência de Eduardo. A praia do hotel estava vazia e visivelmente entediante, enquanto a Orla que avistávamos estava cheia de gente animada e aparentemente receptiva... Ou nem tanto!

Ao pararmos já um pouco distantes do hotel, em um quiosque para Dudu beber água, um grupo de rapazes se aproximou. Tentei ficar calma, afinal, eu não tinha nada ali que pudessem me levar, Sem celular, sem carteira, sem relógio... Nada! Exceto um cordão com o nome de Eduardo e minha aliança.

Exatamente o que viram!

Não reagi. Não gritei e nem dei alarde. Quase ninguém parecia perceber o que acontecia ali, e os que viam, disfarçadamente saíam de perto. Entreguei a aliança e a corrente, e quando os três garotos me deram as costas senti toda a minha visão embaçar. Minha tontura voltou com força. Só tive tempo de apertar mais a mão de Eduardo antes de tudo apagar.

GABRIEL

Minha cabeça doía e minha irritação estava em seu nível máximo. Vitória sumiu do mapa com Eduardo, e nem mesmo toda a equipe de segurança que coloquei atrás dela conseguiu achá-la. Estava dividido em acreditar ser uma pirraça dela ou se algo grave realmente havia acontecido. Tinha um mal pressentimento, mas preferia ignorá-lo e pedir à Deus que fosse apenas um capricho dela.

— Pro campo, cara. E tira essa carranca do rosto. Logo ela aparece. Sabe como mulher é dramática, brother. Povo ta atrás dela, ela é conhecida... Nada de ruim aconteceu!

— Tomara, cara, tomara! Me deixa informado. — pedi apreensivo.

Entrei no campo com o ritual de sempre, mas como em poucas vezes em minha vida já ocorreu, nada de mim estava ali. Eu fazia tudo mecanicamente enquanto minha mente trabalhava sobre onde Vitória e Eduardo poderiam estar. Meu coração à cada minuto sem notícia deles apertava mais.

...

A cada pausa eu perguntava se alguém tinha notícias, mas era tudo em vão. O jogo pareceu ter durado horas. Segurei a vontade de anunciar seu sumiço. Eu não poderia ser precipitado. Todos os jogos no Rio eram repletos de imprensa. Anunciar que eu não sabia onde minha esposa e meu filho estavam não pegaria tão bem.

...

Estava me despedindo do público quando notei uma movimentação diferente. Finalizei mais rápido ainda e corri até onde estavam.

— Achamos, cara, achamos! Eu só preciso da documentação dela. — pediu enquanto íamos direto para a van, sem parar para absolutamente nada.

— Documentação? Pra que? Onde aquela maluca tava? Ela ta bem? — perguntei apressado.

— Fica calmo, cara. Não temos muita informação ainda. Estamos transferindo ela para um hospital particular, vou precisar dos documentos dela.

— Hospital? Que porra ta havendo, cara? — perguntei sentindo meu coração apertar.

— Calma! Eu já disse que não sei! Você sabe o RG, CPF ou alguma coisa dela além do nome completo?

Assenti atônito e Fabinho me passou o celular, ele fazia a ficha dela através do telefone, e pelo que entendi uma ambulância já transferia ela.

— O que aconteceu? E o Eduardo? — perguntei desesperado.

— Eu não sei! Só mandaram uma direct pra Jé. Uma fã, parece que o Eduardo que teve a idéia, uma menina disse que eles estavam em um hospital aguardando atendimento, ela reconheceu o Eduardo e é só isso que ela sabe.

DESTINO | Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora