DESTINO | Gabriel Barbosa

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Acordei não muito tempo depois. Ainda estava um pouco escuro. Abri os olhos e vi que ainda era noite. Gabriel não estava mais deitado comigo, levantei a cabeça tentando enxergar algo pelo quarto escuro e vi apenas ele sentado na ponta da cama com a lanterna do celular ligada escrevendo algo, provavelmente nas notas.

Continuei intacta o observando, não queria que ele visse que eu estava acordada, eu adorava o olhar assim sem que ele percebesse. Gabi virou-se e eu fechei meus olhos rapidamente fingindo dormir. Agradeci por estar escuro, permaneci de olhos fechados e alguns minutos depois ouvi seus passos perto de mim, sua respiração descompassada e sua voz pesada.

— Se você soubesse que cada palavra desse texto eu fiz pra você, mano... — suspirou, meu coração deu solavancos, mesmo de olhos fechados a emoção me tomou e logo senti sua presença na cama, sua mão tirou meu cabelo do rosto delicadamente — Se você ao menos imaginasse o quanto eu ainda te amo. O quanto eu tenho medo de você encontrar alguém melhor que eu. Se você imaginasse a falta que faz o teu sorriso, o teu ciúme, as nossas brigas, nossos beijos, seus carinhos... Puta que pariu, você me faz tanta falta! — começou a acariciar lentamente meu rosto, ele tinha tanta delicadeza que suspeito que era medo que eu "acordasse" — Você voltou pra minha vida e deu sentindo á ela, e tão de repente eu te perdi de novo! Eu não te mereço, amor... Você é muito mulher pro pouco homem que eu sou!

Ele levantou da cama abalado, não mais me segurei e abri meus olhos. Não medi as consequências. Levantei e vi ele me olhar assustado, já sentado onde estava minutos atrás. Com os olhos marejados e coração palpitando me sentei em seu colo, de frente pra ele. Gabriel ainda me olhava atento, um pouco surpreso. Passei meus braços por seu pescoço e colei nossas testas.

— Sou eu quem não te mereço, Bi. — sussurrei fazendo carinho em seu cabelo, ele ia protestar, coloquei meu dedo indicador sobre seus lábios o calando — Eu te amo! Amo com meus medos, meus defeitos, minhas inseguranças, mas mesmo assim amo! E é a intensidade desse amor que me assusta, eu não sei como lidar com isso! Não sei como...

Dessa vez foi a vez de Gabriel me calar com seu dedo indicador sobre meus lábios, eu engoli o choro e me ajeitei mais em seu colo, uma perna de cada lado do corpo dele, nosso olhares fixos.

— Então fica comigo, mano. Por toda vida! — não o respondi, o abracei forte, cheirei seu pescoço. Aquele cheiro maravilhoso que só ele tinha, e sem mais me conter o roubei um beijo afobado, saudoso, agoniante. Como eu o amava, como amava seu beijo, seu cheiro, seu sorriso, seu toque, seu perfume, seus defeitos, seus anseios... tudo nele era uma soma para um todo apaixonante. O beijo ganhou intensidade, fogo, paixão. Ficamos sem ar, intercalamos esse tempo com mordidas, logo voltamos á um beijo intenso, outra vez o ar nos faltou — Isso é um sim? — perguntou ofegante.

— Isso é um talvez! — mordi seu lábio — Me reconquiste se conseguir!

Saí do seu colo, ele me olhou estático, sem acreditar, quando eu ainda estava em seu colo já sentia o início de uma ereção e podia jurar que ele pensava que nossa noite se prolongaria. Confesso, a vontade e saudade da minha parte pra que isso acontecesse eram enormes, mas eu não cederia. Queria tudo diferente. Menos ciúmes, mas confiança. Menos brigas, mais respeito e amor.

— Vitória? — dizia ainda sentado, incrédulo.

— Tudo do zero ou nada. Boa noite!

Cobri-me e finalmente consegui dormir, ao contrário dele que correu pro banheiro com certeza "necessitado" e um pouco irado.