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VITÓRIA

Me surpreendi toda quando ao colocar uma roupinha sobre minha barriga, uma mão grande á tocar. Virei para trás e senti todo o meu mundo brilhar ao ver meus pais ali.

— Você ta cintilante mexendo nessas roupinhas, garota! — elogiou meu padrasto que foi pego de surpresa com o abraço de urso que eu lhe dei.

— Obrigada! — ri o soltando. Abracei minha mãe e minha madrasta, e na hora de fazer o mesmo com meu pai, pela primeira vez fiquei receosa em o tocar — Veio com o que eu te pedi? — perguntei baixo sentindo todos os olhares em mim.

— Coração aberto?

Apenas assenti, e como resposta senti o melhor abraço do mundo. Apertei meu pai como se ele fosse a coisa mais valiosa do mundo, o que de fato realmente era, e quando ele sussurrou um "Estou feliz por você." em meu ouvido, senti todo o meu coração em paz ao saber que finalmente eu teria sua bênção para me casar com Gabriel.

Soltei-me dele um pouco tímida, e logo meu lado hormonal descontrolado de grávida falou mais alto, e colocando as mãos sobre a boca e nariz, comecei a chorar descontroladamente. Observando minha família ali.

— Caramba, Vitória! — Dhio riu se aproximando ao me abraçar. Escondi meu rosto envergonhada por meu choro no ombro de minha cunhada, quando ouvi sua voz em alerta — Calma aí, mocinho, isso tudo é só emoção.

Tirei meu rosto do meu esconderijo confusa e senti a mão de Gabriel tocar minha cintura. Em seu rosto uma mistura de raiva, confusão e talvez um pouco de alívio.

— Ta tudo bem? — perguntou olhando diretamente em meus olhos. Assenti repetidas vezes e acima de seu ombro vi a imagem emocionada de minha sogra e meu sogro. Naquele instante vi que realmente estava tudo em paz, e explodi em uma crise de risos quando ele me abraçou — Caramba, pensei que seu pai tinha te dito alguma merda! — murmurou baixinho em meus cabelos enquanto eu ainda ria. Vi ele rir confuso também e todo mundo fazer o mesmo.

Ergui meu rosto e Gabi me analisava, profundamente, cada canto da minha face.

— Agora finalmente vamos casar felizes!

— Eu iria te fazer feliz de qualquer jeito, minha vida! — riu selando meus lábios á assovios de nossa família e amigos.

...

O jantar foi extremamente leve, e aos poucos meu pai e Lindalva engoliam a vergonha que estavam de seus atos. Conhecia meu pai o suficiente para saber o esforço que ele fazia em tentar aceitar aquilo, e no fundo sabia que ele ainda não estava 100% convencido de tudo, porém se esforçava ao máximo para tal.

Depois do jantar a conversa criou um rumo leve e brincalhão, apesar de até então não tocarmos diretamente no assunto "casamento", e eu preferia assim, até por que, sabia que certo clima surgiria.

Gabriel estava relaxada ao meu lado, a mão fazendo carinho em minhas costas por todo o tempo enquanto ele ria com Pedro e Fabinho que contavam das enrascadas que eles entravam para que Gabriel passasse despercebido em algum lugar.

Arrascaeta chegaria de madrugada, e de tempo em tempo Gabriel olhava seu celular preocupado com o amigo, que segundo ele era lerdo demais para vir do aeroporto até a sua casa de Uber.

Valdemir percebendo o olhar distante do meu pai, o chamou para uma conversa em particular em algum canto da casa, e o conhecendo como sei, com certeza meu sogro faria de tudo para deixá-lo a vontade. Lindalva, minha mãe e minha madrasta começaram uma conversa entre elas, e ri ao ver meu padrasto um pouco deslocado, ouvindo as milhares de coisas que Eduardo o contava.

DESTINO | Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora