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VITÓRIA

Senti todos os pelos do meu corpo se arrepiarem. Juro que esperava qualquer nome. Aliás, passei parte da minha noite tentando adivinhar. Mas por nenhuma vez esse se passou por minha cabeça.

— Jura? — perguntei sentindo meus olhos marejarem.

— Juro. Nossa Cecília. — sorriu passando o polegar por meu rosto e enxugando carinhosamente a lágrima que caiu.

— Mas... Você não queria Nicole?

— São só nomes... E gosto desse. Quero que ela tenha a garra e a persistência da sua avó e sua doçura.

— Você acha? — seus olhos queimavam nos meus. Abaixei a cabeça sem jeito e segurei sua mão que me acariciava e á levei para os meus lábios á beijando — Eu amei o nome. Mas quero que seja um ao qual você sempre se imaginou chamando sua filha sempre que ela correr. A homenagem é linda. Mas sei que sempre quis Nicole. Eu escolhi o do Eduardo, agora você coloca o nome dos seus sonhos nela. E vou guardar de todo o meu coração a sua tentativa de homenagear a minha vó na nossa princesa.

— Você não quer Cecília? — perguntou aparentemente confuso.

— Não é que eu não queira. Mas é que só consigo imaginar a filha do Militão agora. — confessei fazendo ele rir.

— Eu não tinha reparado! — assumiu de forma engraçada.

— A gente vê sobre nome depois! Temos mais quase cinco meses pra escolher. Vamos subir.

GABRIEL

Fechei meus olhos e suspirei assentindo. Era a hora da verdade. Não queria magoá-la, mas também não queria desapontar minha mãe.

Vitória já havia saído do carro e abriu a porta pra mim me ajudando com a muleta. Fomos até o elevador em silêncio enquanto ela arrumava seu cabelo olhando-se no espelho.

O quarto de hotel que ela estava era espaçoso. Uma espécie de sala de estar e mais ao fundo uma cama  espaçosa.

— Você tá com fome?

Ela parecia nervosa e aquilo me deixou inquieto.

— Não. Só preciso de um copo d’água pra tomar um remédio. — pedi já sentado no sofá. Minha perna ainda doía quando eu me esforçava como hoje. Meus movimentos eram limitados. Vitória voltou com uma garrafinha do frigobar e eu bebi o comprimido rapidamente. Ela permanecia de pé, e era notável seu nervosismo contido — Vem cá. — pedi batendo com a mão para que ela se sentasse ao meu lado no sofá.

— Promete ser franco comigo? — pediu me olhando nos olhos.

— Prometo. — não sabia por onde começar, e ela também não. Ficamos calados um ao lado do outro, cada um mas sem jeito, até ela tomar a iniciativa.

— Eu não sei o que a gente tá vivendo! Já não sei se estamos juntos mais. Primeiro você me dá um fora na chácara, depois é todo carinhoso nas ligações e na consulta até um selinho você me roubou. Eu não sou mais adolescente, Gabriel. Não quero uma relação incerta! Não tô te cobrando nada, só quero que me diga o que nós dois somos e só.

— Eu amo você! Você sabe disso!

— Amor só não basta.

— Eu sei... Nem eu sei que fazer, Vi. Eu amo você, amo o que somos juntos... Mas tenho receio pela minha mãe.

— Você é um homem feito, Gabriel! Pai de dois filhos por sinal!

— Não quero magoar ela, mano. E não quero que ela te machuque. Eu não sei viver entre fogo cruzado. Ainda mais sendo de vocês duas.

DESTINO | Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora